Caixa prepara fecho de mais 75 balcões até final do mês

Plano do banco público liderado por Paulo Macedo foi denunciado durante uma concentração de protesto em Alhandra.

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LUSA/MÁRIO CRUZ

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) pretenderá fechar mais 75 balcões em vários pontos do país, segundo foi revelado, este fim-de-semana, numa concentração de protesto promovida na vila de Alhandra pelo PCP. De acordo com responsáveis locais e nacionais do Partido Comunista Português (PCP) que participaram na iniciativa, há informação segura da comissão de trabalhadores da CGD e de elementos muito próximos da direcção da instituição bancária do Estado de que este novo plano de encerramento de balcões vai ser anunciado durante esta semana.

De acordo com as mesmas fontes, os fechos estão previstos já para o final deste mês de Junho. Em cima da mesa estará o destino de 77 balcões, mas relativamente a dois deles ainda não haverá decisões definitivas. Questionada pelo PÚBLICO, a Caixa Geral de Depósitos diz que, para já, não tem comentários a fazer às alegações feitas pelo PCP e pelos autarcas de Alhandra. “Logo que entendamos ser hora de dizer algo sobre esse assunto, enviaremos a nossa posição”, sustenta a assessoria de imprensa da CGD.

Paulo Macedo já havia referido, recentemente, em entrevista ao Eco, que a Caixa vai encerrar entre 70 a 80 balcões em 2018, de acordo com o que está previsto no plano estratégico acordado com as autoridades europeias, que prevê uma rede de 470 a 490 agências a partir de 2020. A CGD fechou 2017 com 587 balcões, menos 64 do que em 2016.

O balcão de Alhandra, situado em pleno centro da vila, será, assim, um dos 75 em risco de encerramento e, a confirmar-se a decisão, os cerca de sete mil habitantes da vila e os cerca de 14 mil moradores da União de Freguesias de Alhandra, São João dos Montes e Calhandriz ficarão reduzidos a um balcão (Millenium BCP). O eventual fecho do balcão alhandrense da CGD deixará também a vila apenas com duas das actuais quatro caixas multibanco.

“Faz muita falta” era a frase que mais se ouvia entre os perto de 100 alhandrenses que se concentraram, este sábado, na praça central da vila. A população é maioritariamente idosa e, se se confirmar o fecho, os habituais clientes poderão ter de encontrar formas de se deslocar aos balcões mais próximos da Caixa, nas cidades de Vila Franca de Xira e de Alverca. “É uma medida incompreensível. É assustador o que se passa com o fecho de serviços públicos”, disse ao PÚBLICO o presidente da Junta da União de Freguesias de Alhandra, São João dos Montes e Calhandriz, Mário Cantiga, lembrando que a estação local dos Correios também está em risco.

“Sabemos que na próxima semana deverão ser anunciados 75 encerramentos e que o balcão de Alhandra está incluído. Pelo que sabemos é uma lista definitiva. Nós pretendemos que não seja e, por isso, estamos aqui a tentar ganhar a população para mostrarmos a nossa contestação, pela importância que a CGD tem na nossa terra”, afirma Mário Cantiga.Frisa que a população de Alhandra ficou “indignada” quando soube desta intenção de fecho, que deverá ter efeitos já a 30 de Junho. 

“Gostaríamos de criar um grupo de pessoas da sociedade civil para, através de um abaixo-assinado e de acções de massa, fazermos chegar junto do primeiro-ministro e do ministro das Finanças a necessidade de a CGD não fechar numa freguesia como a nossa. Acreditamos no diálogo e acho que é por aí que temos de ir. Hoje pretendemos sensibilizar as pessoas para o problema, criar uma comissão de utentes e esperamos que a partir daí seja um movimento galvanizante e em crescendo contra este fecho”, defendeu o presidente da junta alhandrense. “Todos ficamos a perder, a Caixa é um serviço essencial. Temos de ir à luta, porque isto é vergonhoso, não podemos aceitar que o Governo deixe que se tomem medidas destas. Temos uma população envelhecida, há poucos transportes públicos, não podemos aceitar uma situação destas”, disse.

Nesta iniciativa foi também lançada uma petição contra o fecho do balcão da CGD. Cláudia Martins, vereadora da CDU na Câmara de Vila Franca de Xira, observou que este é o primeiro passo de uma luta que terá de ser intensa para impedir o fecho da Caixa em Alhandra. Já Manuel Gouveia, membro do comité central do PCP, vincou que as dificuldades da CGD não têm nada que ver com o balcão de Alhandra, nem com os restantes 74 balcões que estarão agora em causa. “A Caixa tem dificuldades porque utilizaram o dinheiro da CGD para tapar os buracos do BPN e do BES. Não é aceitável que venham agora encerrar serviços públicos para tapar buracos”, sustentou o dirigente do PCP.

Eduardo Meireles foi um dos habitantes e clientes da CGD que participaram neste protesto. Em declarações ao PÚBLICO salientou que este balcão da Caixa “faz muita falta” em Alhandra. “A vila tem muitas pessoas envelhecidas. A Caixa é um banco que devia estar o lado da população e que nos está a trair e que nos está a desprezar. Não merecemos isso”, rematou.

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