Dúvidas sobre currículo: Universidade de Nova Iorque não tem registos do futuro primeiro-ministro italiano
Giuseppe Conte, o escolhido pelo Movimento Cinco Estrelas e pela Liga para ser o próximo primeiro-ministro de Itália, tem no currículo que tirou uma especialização na Universidade de Nova Iorque. Presidente não gostou e deverá adiar decisão.
O vasto currículo académico de Giuseppe Conte, o professor de Direito escolhido pelo Movimento Cinco Estrelas e pela Liga para ser o próximo primeiro-ministro de Itália, começa a levantar dúvidas. Conte diz que tirou uma especialização na Universidade de Nova Iorque. No entanto, a instituição garante não ter qualquer registo dele. O Presidente, Sergio Mattarella, não gostou e deverá adiar a decisão sobre o nome proposto.
O The New York Times publicou nesta segunda-feira um texto a explicar quem é Conte, um académico desconhecido do grande público. Mais ou menos no meio do artigo, surge a informação de que o professor de Direito Privado da Universidade de Florença esteve, entre 2008 e 2012, na Universidade de Nova Iorque, onde, de acordo com o que vem escrito no seu currículo, “aperfeiçoou e desenvolveu os seus estudos”. Ora, o jornal norte-americano ligou para a instituição para saber mais sobre o provável futuro primeiro-ministro de Itália. “Não aparece nenhuma pessoa com esse nome nos nossos registos, nem como aluno nem como membro docente”, respondeu uma porta-voz.
Imediatamente, este pequeno parágrafo no meio do texto do correspondente em Itália do The New York Times saltou para as manchetes dos principais jornais italianos.
Sem qualquer experiência política e desconhecido do público, os vastos méritos académicos que são descritos de forma pormenorizada no seu currículo são o ponto forte de Conte. Porém, nesta terça-feira foram postos em causa.
O Cinco Estrelas defendeu Conte criticando os media italianos e internacionais por acusarem o académico de mentir: “No seu currículo, Giuseppe Conte escreveu claramente que ele aperfeiçoou e desenvolveu os seus estudos na Universidade de Nova Iorque. Mas não citou cursos nem disse que completou um mestrado na universidade”, diz um comunicado emitido pelo partido.
“Conte, como qualquer académico, estudou no estrangeiro, enriqueceu o seu conhecimento e aperfeiçoou o seu inglês. Para um professor do seu nível, o oposto seria de estranhar. Ele fê-lo e escreveu-o correctamente no seu currículo, mas, paradoxalmente, isto agora não é bom e até se torna uma falha. É a enésima confirmação de que eles [a comunicação social] têm muito medo deste Governo de mudança”, acrescenta o Cinco Estrelas.
Apesar disso, o Presidente convocou os líderes do Senado e da Câmara dos Deputados. Luigi Di Maio, líder do Cinco Estrelas, e Matteo Salvini, da Liga, também se reuniram. De acordo com a imprensa italiana, discutiram a composição do Governo, especialmente a situação do ministro da Economia proposto, Paolo Savono, escolha que não caiu bem no Quirinale.
Em comunicado a Liga disse que a reunião entre os dois líderes decorreu num “clima calmo e construtivo”, acrescentando que o encontro serviu apenas para limar algumas arestas. O partido desmentiu ainda notícias de que Conte participou na conversa, procurando mostrar que a escolha para primeiro-ministro não está em causa.
Mattarella não terá ficou satisfeito por ambos terem levado ao Quirinale apenas um nome para primeiro-ministro, sem qualquer alternativa. Além disso, o Presidente quererá mais tempo para tirar todas as dúvidas relativamente à idoneidade de Conte. Por isso, decisão pode ser anunciado apenas na quinta-feira.