Capital arménia paralisada em resposta aos apelos do líder da oposição
Depois de o Parlamento ter rejeitado eleger o líder da oposição como primeiro-ministro interino, dezenas de milhares de arménios voltaram a sair à rua.
Dezenas de milhares de arménios responderam aos apelos feitos pelo líder da oposição, Nikol Pashinyan, para o bloqueio de estradas e outros actos de desobediência civil depois de o Parlamento ter rejeitado que ocupasse o cargo de primeiro-ministro de forma interina. De acordo com o que está a ser noticiado, a capital Ierevan está praticamente paralisada.
A Arménia vive uma crise política que dura há um mês. Milhares de pessoas têm saído à rua numa base diária em protesto pelo facto de Serzh Sarkisian ter deixado o cargo de Presidente para se tornar primeiro-ministro, depois de ter atingido o limite de mandatos. Porém, a pressão das manifestações obrigou-o a afastar-se.
Ao fim da tarde, o líder da oposição anunciou a suspensão dos protestos para quinta-feira, de forma a permitir que as negociações com o Partido Republicano (HHK) pudessem decorrer. Dirigentes do partido no poder mostraram disponibilidade para apoiar o candidato que fosse escolhido pelo Parlamento e prometeram não apresentar nenhum nome, mas Pashinyan exige garantias de apoio.
Pashinyan granjeou grande apoio dos arménios e tem liderado os protestos nas ruas. Na terça-feira, decorreu na Assembleia Nacional uma votação para que o líder da oposição se tornasse primeiro-ministro interino perante a vaga deixada em aberto pelo ex-Presidente. Porém, o HHK, aliado de Sarkisian, que detém a maioria parlamentar, rejeitou transferir o poder precipitando os apelos de Pashinyan e mais uma vaga de manifestações.
Segundo relata a Reuters, as principais ruas de Ierevan foram bloqueadas por carros, autocarros e caixotes do lixo deixados pelos manifestantes. A via que faz ligação ao aeroporto da cidade está também bloqueada. Os serviços ferroviários estão também a ser afectados, de acordo com a AFP.
Dezenas de milhares de pessoas estão a marchar pela cidade entoando cânticos de apoio a Pashinyan. Este, presente num dos protestos, garantiu à Reuters que as manifestações não vão parar: “O meu único poder é o povo. Nós não vamos desistir”, disse. “Nós vamos continuar a nossa greve e desobediência.”
A polícia não conseguiu demover os manifestantes do bloqueio ao aeroporto. No entanto, não foi usada a força pelas autoridades pelo que a via continua encerrada.
Na terça-feira, depois de ter sido derrotado na votação parlamentar, Pashinyan apelou à desobediência civil: “Se toda a gente participar num acto de desobediência civil total, o povo da Arménia conquistará a vitória total. A nossa luta é uma luta não-violenta, é um acto pacífico de desobediência civil”.
Perante os protestos, o actual Presidente, Armen Sarkissian, pediu que os líderes políticos se sentem à mesa já esta semana para resolver a crise política: “Lamento profundamente que a crise política continue apesar do facto de toda a gente referir o perigo que isso acarreta para o futuro do nosso país”, disse num comunicado citado pela Reuters. “Peço que as conversações continuem esta semana, para encontrar uma solução para a crise política.”