Líder da campanha anti-corrupção escolhido para número dois de Xi

Wang Qishan vai ser um vice-Presidente com poderes reforçados e deverá ter a seu cargo as negociações com os EUA.

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Wang Qishan vai ser o braço direito de Xi Jinping EPA/WU HONG

O Parlamento chinês aprovou a nomeação de Wang Qishan, um dos principais aliados do Presidente Xi Jinping, como vice-Presidente. Wang era o grande responsável pela campanha anti-corrupção que atingiu mais de um milhão de quadros do Partido Comunista Chinês e agora passa a estar formalmente ao lado de Xi numa altura de forte consolidação do seu poder.

A confirmação da subida de Wang à vice-presidência é vista como mais um factor que reforça o domínio de Xi sobre o regime chinês, depois de ter atingido um estatuto apenas comparável ao de Mao Tsetung, o fundador da República Popular da China.

Até agora, o papel de vice-Presidente era quase simbólico, mas é provável que a proximidade de Wang a Xi acrescente peso político ao cargo. “A posição de vice-Presidente na China não é muito poderosa, mas isso depende de quem desempenhe a função”, disse à Reuters o analista da Universidade Baptista de Hong Kong, Jean-Pierre Cabestan.

A nomeação de Wang teve o voto favorável 2969 deputados do Congresso Nacional do Povo, e apenas um voto contra. A recondução de Xi como Presidente também foi oficialmente confirmada. Na semana passada, o Parlamento tinha dado luz-verde à recomendação do PCC de abolir a limitação constitucional de dois mandatos consecutivos para os cargos de Presidente e vice.

Wang é descrito como um dos elementos mais importantes do núcleo duro de Xi, principalmente por ter liderado a campanha de anti-corrupção. Muitos dos drigentes do Partido Comunista chinês afastado eram potenciais vozes críticas da acumulação de poder de Xi.

Antes disso, Wang teve uma longa carreira ao serviço da burocracia do PCC e do Estado. Foi autarca de Pequim, liderou o comité executivo responsável pela organização dos Jogos Olímpicos de 2008 e chefiou uma comissão governamental que participou em negociações com os EUA sobre o comércio, durante a presidência de Hu Jintao.

Será esta experiência de negociação com responsáveis norte-americanos que irá servir a Wang, como provável emissário de Pequim no diálogo com os EUA a fim de evitar uma guerra comercial. “Talvez possa surgir uma solução para esta tempestade massiça que se está a desenhar com a América por causa dos défices comerciais e das tarifas”, disse à AFP o comentador político Hua Po.

No início do mês, a Administração de Donald Trump anunciou o aumento das tarifas alfandegárias para a importação de produtos do sector metalúrgico, com o objectivo de combater o défice comercial que os EUA registam nas trocas com outros países – sobretudo a China. Em cima da mesa está também a possível aplicação de taxas à importação de tecnologia chinesa como resultado de uma investigação a alegadas violações dos direitos de propriedade intelectual.

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