Governo bloqueia redes sociais para combater violência contra muçulmanos
Os confrontos dos últimos dias entre muçulmanos e a maioria budista resultaram na morte de duas pessoas e fizeram ainda vários feridos. Numa tentativa de travar o discurso de ódio, o Governo do Sri Lanka ou restringiu o acesso a algumas redes sociais.
Para tentar conter a violência que tem assolado o país nos últimos dias, o Governo srilanquês bloqueou nesta quarta-feira o Facebook e outras redes sociais, assim como aplicações de conversação. O objectivo é reduzir as publicações antimuçulmanos e o discurso de ódio que, segundo o Governo, estão a ajudar a alimentar a violência nas ruas. O Facebook, o Viber e o WhatsApp estão bloqueados no país durante pelo menos três dias.
No Twitter, o ministro-adjunto das políticas internas e assuntos económicos do Sri Lanka, Harsha de Silva, disse que o Governo tem de agir “imediatamente para salvar vidas”, já que o discurso de ódio “está a atingir níveis inaceitáveis”.
O Sri Lanka está desde terça-feira em estado de emergência nacional – a primeira vez desde a guerra civil, que durou 26 anos e terminou em 2009 – depois dos confrontos entre a população cingalesa da ilha, maioritariamente budista, e as minorias muçulmanas do Sri Lanka. A violência dos confrontos contra os muçulmanos resultou na morte de pelo menos duas pessoas e oito outras ficaram feridas. Um homem morreu com um ataque cardíaco depois de a sua loja ter sido vandalizada e uma outra pessoa morreu enquanto estaria a atacar uma mesquita, refere o Guardian.
Três polícias ficaram ainda feridos, disseram as autoridades à Reuters, e sete pessoas foram detidas por não cumprirem a hora de recolher obrigatória.
Na segunda-feira, vários grupos de budistas incendiaram e vandalizaram lojas e casas de muçulmanos na cidade de Kandy. O Presidente do país, Maithripala Sirisena, deslocou-se ao local para se encontrar com a polícia e com os líderes religiosos.
No Sri Lanka, tem-se assistido a uma escalada de tensões no último ano entre os dois grupos. Alguns grupos budistas nacionalistas têm acusado os muçulmanos de converterem pessoas à força e de destruírem alguns lugares históricos dos budistas — mas os muçulmanos negam-no.
“Havia uma história sobre um templo que tinha sido atacado durante a noite, então estes grupos foram por aí, a atirar pedras e a partir vidros das lojas de muçulmanos”, disse a testemunha Ruwan Kulasekera ao Guardian. A morte de um jovem budista na capital Colombo poderá também ter incentivado à violência, mas a polícia está ainda a investigar se os dois eventos estão relacionados, escreve a Reuters.