Ataque reivindicado pelos taliban mata pelo menos 95 pessoas em Cabul
Bombista suicida fez explodir uma ambulância no centro da capital afegã. Número de vítimas pode subir, diz Governo.
Uma bomba escondida numa ambulância matou pelo menos 95 pessoas e feriu 158 este sábado em Cabul. Segundo o Ministério da Saúde do Afeganistão, os números podem subir. O atentado foi reivindicado pelos taliban, que não estavam tão fortes desde 2001.
As autoridades dizem que a explosão ocorreu num posto de controlo da polícia, numa zona de edifícios governamentais e de embaixadas.
“É um massacre”, disse à Reuters Dejan Panic, o coordenador afegão do Emergency, grupo de ajuda humanitária italiano que opera um serviço hospitalar de urgência nas imediações da zona da explosão. No Twitter, esta organização informa que foram transportados para as suas instalações mais de 70 feridos e sete mortos.
Um deputado afegão que estava perto do local da explosão, Mirwais Yasini, contou à Reuters que a ambulância se aproximou do posto de controlo, junto ao Alto Conselho de Paz e de várias embaixadas, e explodiu — era conduzida por um bombista suicida. Yasini viu várias pessoas deitadas no chão e outras a serem ajudadas a afastar-se do local, à medida que a ajuda de emergência médica tentava aproximar-se através de estradas entupidas pelo trânsito.
A coluna de fumo cinzento provocada pela bomba, que deflagrou no centro da cidade, via-se à distância. Mesmo a centenas de metros, muitos edifícios sofreram com o abalo.
O grupo radical, que pretende instaurar um regime baseado numa aplicação estricta da sharia (a lei islâmica), e esteve no poder em grande parte do país até ao 11 de Setembro, tem vindo a montar ataques cada vez mais regulares e com cada vez mais mortos. Há uma semana realizaram outro atentado, num hotel também em Cabul, onde mais de 30 pessoas de 14 nacionalidades foram mortas.
Só no mês de Outubro do ano passado, 176 pessoas morreram em ataques com bombas em todo o Afeganistão. As forças de segurança afegãs foram durante algum tempo o principal alvo, mas os últimos atentados tiveram civis como alvos.
Em Maio, 150 pessoas morreram num ataque em Cabul, mas os taliban negaram a autoria deste atentado. O Governo afegão atribui responsabilidades a um grupo ligado aos “estudantes de teologia”, o Haqqani, que acusa de ter o apoio do Paquistão. Os jihadistas do Daesh também têm atacado dentro das fronteiras afegãs.
O Paquistão nega apoiar qualquer grupo. Já em Janeiro, os Estados Unidos cortaram a linha de apoio à segurança do Paquistão, justificando a decisão com a acção de grupos terroristas no seu território.
Certo é que a guerra parece não ter fim no Afeganistão, onde já se tentou negociar e derrotar os taliban, que nunca encontraram grandes incentivos para se unirem ao processo de paz.