Concurso para aluguer de helicópteros em vias de ser cancelado

As duas empresas que concorreram apresentaram um preço acima do pedido pelo Instituto Nacional de Emergência Médica. Funcionamento dos helicópteros continuará a ser garantido por ajustes directos.

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PAULO PIMENTA

O Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) lançou em Novembro um concurso para aluguer de helicópteros que está, agora, em risco de ser cancelado. Tudo porque, soube o PÚBLICO, só concorreram duas empresas e ambas apresentaram propostas de valor superior ao que era admitido pelo INEM no caderno de encargos.

Ao que o PÚBLICO apurou junto de fontes do processo, as empresas concorrentes foram a Babcock, que actualmente presta o serviço, e a Heliportugal. Mas as duas propostas acabaram por avançar um preço superior ao que estava nos requisitos do INEM. O júri do concurso emitiu esta segunda-feira o relatório preliminar, que foi entregue às empresas. Estas têm agora cinco dias para se pronunciar. 

A decisão de cancelar o concurso só será tomada depois da pronúncia dos concorrentes e quando o júri elaborar o relatório final. Contudo, a apresentação de um valor superior ao que está no caderno de encargos é motivo para exclusão das propostas e, por conseguinte, argumento para o cancelamento do concurso. De acordo com a resolução do conselho de ministros, o INEM tinha até 45 milhões para gastar nesta iniciativa.

O INEM não confirma para já esta informação, mas reconhece a existência do relatório preliminar. "Foi ontem disponibilizado, às empresas concorrentes, o relatório preliminar do júri do concurso. A partir dessa data, contam-se cinco dias úteis para audiência prévia dos concorrentes. Terminado esse prazo, haverá lugar ao relatório final do júri do concurso que será depois colocado à consideração do Conselho Diretivo do INEM", respondeu o instituto ao PÚBLICO.

O contrato plurianual de aluguer de helicópteros para prestação de socorro médico de emergência terminou no final do ano passado e este concurso internacional visava a sua substituição por outro, com novas regras e mais uma aeronave para os próximos quatro anos, de 2018 a 2022. 

O concurso que ainda decorre prevê a locação, manutenção e operação de quatro helicópteros e ainda inclui uma novidade que é o fornecimento de equipamentos, consumíveis e equipa médica (médico e enfermeiro) para cada helicóptero. Este último ponto causou críticas tanto a médicos como enfermeiros, como o PÚBLICO noticiou no final do ano passado. 

Para garantir que mantém helicópteros a voar e a prestar auxílio médico mais rápido, o INEM continuará a recorrer a ajustes directos, tendo como base o contrato anterior com a Babcock. Tal como o PÚBLICO noticiou, estes ajustes directos têm um custo directo de cerca de meio milhão de euros por mês. O INEM garante que é um valor que não aumenta os encargos para o instituto. Pelas contas do INEM, o pagamento será de 487 mil euros nos meses em que serão alugados três helicópteros (o quarto é assegurado por um Kamov cedido pela Autoridade Nacional de Protecção Civil) e nos meses em que precisam de quatro (porque o Kamov está no combate aos fogos) esse valor ronda os 650 mil euros.

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