Patrões dizem que fim dos duodécimos "perturba as empresas"

Já Arménio Carlos, secretário-geral da CGTP, considera a medida positiva.

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António Saraiva com o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

O presidente da CIP (Confederação Empresarial de Portugal) considerou nesta sexta-feira que o fim dos duodécimos nos subsídios de férias e de Natal vai "perturbar a vida das empresas" ao nível administrativo e de tesouraria e que a medida passa "um atestado" aos trabalhadores.

O presidente da CIP, António Saraiva, falava aos jornalistas à entrada da reunião da concertação social na qual vai ser discutido, esta tarde, o aumento do salário mínimo nacional para 2018.

António Saraiva disse ter ficado "surpreendido" com a aprovação, na quinta-feira, da proposta do PCP sobre o fim dos duodécimos, durante o debate na especialidade do Orçamento do Estado, e sublinhou que a medida "vem perturbar a vida das empresas na sua carga administrativa".

Além disso, "leva a um esforço de tesouraria" das empresas "em dois momentos" do ano, insistiu. Por outro lado, "é estar a dizer que os trabalhadores não sabem gerir o seu dinheiro", é "passar um atestado que não acho correcto", defendeu António Saraiva.

Nos últimos anos, os trabalhadores do sector privado puderam optar por receber metade dos dois subsídios em duodécimos, recebendo depois a outra metade nas alturas habituais. Com a proposta do PCP, deixa de existir essa opção, passando os subsídios a serem pagos na íntegra nas férias e no Natal.

O presidente da CIP afirmou que o fim da opção de duodécimos no privado "é uma medida de tique ideológico", considerando que o Governo "está refém dos partidos de esquerda quando devia atender à viabilidade do país".

Para o presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), João Vieira Lopes, a questão dos duodécimos "não é muito importante", mas defendeu que "pagar por inteiro sempre foi mais favorável" para as empresas.

Do lado das centrais sindicais, o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, considerou positiva a medida aprovada no Parlamento, lembrando que a intersindical sempre defendeu a reposição do pagamento por inteiro dos subsídios de férias e de Natal. "Fica assim mais claro o esbulho a que os trabalhadores foram sujeitos", disse Arménio Carlos, referindo-se ao "aumento brutal de impostos" e reduções salariais durante os anos da troika.

Sobre o aumento do salário mínimo, o líder da CGTP reafirmou que "há condições" para que a remuneração atinja os 600 euros em Janeiro de 2018, enquanto a presidente da UGT, Lucinda Dâmaso, defendeu 585 euros.

Do lado das confederações patronais, tanto a CIP como a CCP reclamam uma "verdadeira negociação" sobre o salário mínimo, em vez de uma "imposição" de um valor por parte do Governo, de 580 euros.

António Saraiva rejeitou a ideia de que as confederações patronais querem contrapartidas para o aumento do salário mínimo, sugerindo antes "medidas feitas à medida" para as empresas "mais expostas" à remuneração mínima.

"Essas empresas têm de ser discriminadas positivamente", disse o presidente da CIP, sugerindo medidas ao nível da formação profissional que dêem "mais competências aos trabalhadores" e que tornem essas empresas mais competitivas.

Já Vieira Lopes disse que só depois de ver a proposta do Governo para o salário mínimo irá avançar com sugestões.