Nem a possibilidade de uma "geringonça" pacifica o PS-Madeira

Numa altura em que aparecem a subir nas sondagens para número nunca vistos na região, os socialistas madeirenses estão mergulhados numa disputa interna. De um lado, os apoiantes da liderança, do outro os que querem Paulo Cafôfo como candidato às regionais.

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O sucesso de Paulo à frente do Funchal Cafôfo poderá levá-lo a candidato do PS à chefia do Governo Regional Nuno Ferreira Santos

Foi um dos tabus das autárquicas. Iria Paulo Cafôfo, o independente que ganhou o Funchal em 2013 com o apoio do PS e do BE e renovou a vitória em Outubro, agora com maioria absoluta, cumprir o mandato até ao fim? Ou pegaria antes no capital político conseguido num concelho que vale metade do eleitorado do arquipélago para entrar na corrida, em 2019, às regionais?
A resposta a estas interrogações que os adversários tentaram, sem sucesso, explorar durante a campanha, ouviu-se dez dias depois de tomar posse na Câmara do Funchal, quando, a 30 de Outubro, Cafôfo entrou na sede do PS-Madeira debaixo de fortes aplausos, para apoiar a candidatura de Emanuel Câmara à presidência dos socialistas madeirenses. Cafôfo, que não é militante do partido, foi mais aplaudido do que o próprio candidato.
É que Emanuel Câmara, que cumpre o segundo mandato à frente de Porto Moniz, um pequeno concelho no extremo Norte da ilha, quando lançou a candidatura à liderança do PS, anunciou também que o candidato à presidência do governo regional seria não ele, mas o autarca do Funchal. “Serei presidente do partido e Paulo Cafôfo presidente do governo”, disse o candidato no dia em que formalizou a candidatura entre deputados, autarcas e figuras próximas de Cafôfo.
O autarca funchalense, que em 2013 foi o rosto do início do fim do jardinismo, tem evitado falar desse cenário. Se durante a campanha afirmou que cumpriria o mandato até ao fim, depois do anúncio de Emanuel Câmara tem optado pelo silêncio. Mas se não confirma, também não desmente, e tem deixado que falem por ele. “Se eu tenho cá o Paulo Cafôfo a apadrinhar esta minha apresentação é sinal de que estamos todos juntos neste projecto que visa a alternância democrática na região”, argumentou Câmara.
Do outro lado está Carlos Pereira que pegou no partido em 2015, depois dos piores resultados de sempre do PS-Madeira. Deputado em São Bento, Pereira passou o último ano em Lisboa (essa ausência é uma das críticas que lhe fazem), regressando esta semana ao parlamento madeirense para defender a moção de censura que apresentou contra o governo de Miguel Albuquerque. A moção não passou, chumbada pelos votos da maioria do PSD e com a abstenção do CDS. A direita tem a maioria na Assembleia Regional, mas uma sondagem publicada na semana passada pelo DN-Madeira apontava para uma subida histórica do PS-Madeira, e pela primeira vez na região autónoma, para um cenário de maioria de esquerda num parlamento que desde 1976 é dominado pelo PSD.
De acordo com o estudo da Eurosondagem, o PSD e PS ficariam separados por cerca de dois deputados (19/17) e os três parlamentares do CDS não chegariam para a direita dominar a assembleia madeirense, face aos três do JPP e aos dois da CDU e do BE. A esquerda reuniria 24 cadeiras, num universo de 47.
Pereira tem procurado colar este crescimento do partido à sua liderança, mas os adversários olham para a subida como conjuntural. Se a ele reconhecem competência técnica e domínio dos principais dossiers, a Cafôfo a popularidade que poderá capitalizar votos.
O tira-teimas acontecerá em Janeiro, quando o partido reunir em congresso para escolher a liderança para os próximos dois anos.

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