"Lamentável e repugnante". Urban Beach afasta seguranças após agressões brutais à porta da discoteca
A PSP está a investigar o caso e a administração da discoteca lamenta o sucedido. "A situação é lamentável e repugnante", disse ao PÚBLICO Paulo Dâmaso, presidente do Conselho de Administração do Urban Beach.
A administração da discoteca lisboeta Urban Beach revelou que tomou medidas para “afastar de imediato” os seguranças responsáveis pela agressão a um jovem na madrugada desta quarta-feira, à porta do espaço nocturno. A PSP também se encontra a investigar a agressão, que foi registada em vídeo e partilhada nas redes sociais. Nas imagens vê-se o rapaz a ser violentamente espancado com murros e pontapés, tanto no corpo como na cabeça.
O presidente do Conselho de Administração do Urban Beach, Paulo Dâmaso, diz ao PÚBLICO que "a situação é lamentável e repugnante" e que a equipa do Urban Beach não se revê na atitude dos seguranças, que são contratados através de uma empresa de segurança e vigilância, adiantando ainda que tudo aconteceu depois de o estabelecimento já estar encerrado.
A empresa de segurança em causa, a PSG Segurança Privada, escreveu um comunicado em que lamenta e “repudia comportamentos desta natureza”, comprometendo-se a apurar responsabilidades e a garantir “que os responsáveis serão punidos de forma exemplar”.
“Não é importante o que antecedeu as agressões, nada justifica, o que é importante é ressalvar que é uma atitude que lamentamos profundamente”, esclarece o responsável em relação ao motivo que possa ter desencadeado a violência, apresentando as suas desculpas ao jovem e a todos os que assistiram à situação, mesmo que o “ultrapasse por completo”.
O porta-voz da Direcção Nacional da PSP, intendente Hugo Palma, explica ao PÚBLICO que inicialmente houve dificuldades em conseguir a “identificação exacta” da vítima, já que não foi apresentada nenhuma queixa formal. O porta-voz refere ainda que a investigação está em curso e que a prioridade é identificar os agressores; “todas as pessoas no vídeo são pessoas de interesse”, acrescenta.
O Ministério Público abriu um inquérito às agressões na discoteca e a Câmara Municipal de Lisboa pediu uma reunião com a secretária de Estado Adjunta e da Administração Interna para discutir este episódio.
Caso não é inédito
Esta não é a primeira vez que a discoteca se vê envolvida em casos de violência (e de racismo). Em Agosto, um grupo de jovens denunciou ter sido agredido por seguranças do espaço nocturno, acusando-os de terem tido uma atitude “racista”. Também em Junho, o PÚBLICO noticiou que um grupo de jovens alegou ter sido impedido de entrar no Urban Beach pelo facto de um dos seus elementos ser negro. Em 2014, a denúncia partiu do atleta português e antigo campeão olímpico no triplo salto Nelson Évora que, através das redes sociais, contou que foi barrado à entrada da discoteca por existirem “demasiados pretos no grupo”. Muitos outros casos não chegaram à imprensa mas são relatados na Internet, onde as denúncias de violência e de racismo se somam nas redes sociais e em plataformas como o TripAdvisor ou o Google Maps.
Questionado sobre os casos de violência anteriores, o responsável da discoteca diz que já houve "excessos" mas que os responsáveis “são substituídos de imediato, até por coisas menores” do que as agressões que aconteceram nesta quarta-feira; mas adianta também que a empresa de segurança é a mesma há mais de dez anos. “O Urban é um espaço de diversão nocturna e não de agressão”, conclui.
Este novo vídeo tem causado reacções de repúdio nas redes sociais. “Acham isto aceitável?”, questiona a actriz Jessica Athayde no Facebook, após partilhar as imagens da agressão. “E, já agora, lembrem-se que cada vez que frequentarem este sítio estão a contribuir para que [este] tipo de situações continuem”, acrescentou ainda.
“Mais uma noite normal no Urban”, ironiza a apresentadora Rita Ferro Rodrigues no Twitter. “Como é que isto ainda não fechou?”, perguntou ainda. Ao PÚBLICO, o actor Ricardo Carriço, que também partilhou o vídeo no Facebook, afirma ter ficado “chocado” com as imagens, adiantando que este tipo de agressões “não faz sentido” e que os agressores, responsáveis pela segurança no local, deveriam prezar pelo “normal funcionamento” do espaço e não enveredarem por actos de violência.