Continua a subir consumo de bebidas alcoólicas e de cannabis

Quarto Inquérito Nacional à População Geral é divulgado nesta terça-feira de manhã em Lisboa.

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O estudo mostra que 3,6% da população apresenta risco elevado/dependência no que diz respeito ao consumo de álcool Nelson Garrido

Subiu nos últimos cinco anos o consumo de bebidas alcoólicas, tabaco e cannabis. O uso de outras drogas manteve-se estável ou diminuiu, de acordo com o Inquérito Nacional à População Geral, que esta terça-feira é apresentado, no auditório do Hospital Pulido Valente, em Lisboa.

Já lá vão 16 anos desde o primeiro inquérito que permite perceber o consumo de substâncias lícitas (álcool, tabaco, medicamentos, isto é, sedativos, tranquilizantes e/ou hipnóticos, e esteróides anabolizantes) e ilícitas (cannabis, ecstasy, anfetaminas, cocaína, heroína, LSD, cogumelos mágicos e novas substâncias psicoactivas). Começou-se em 2001 e repetiu-se em 2007, 2012 e 2016/17.

Os últimos dados foram recolhidos entre Dezembro de 2016 e Julho de 2017. Têm por base uma amostra teórica de 12 mil pessoas entre os 15 e os 74 anos. Os investigadores estão ainda “a validar a consistência de alguns pontos de amostragem cujos efeitos poderão permitir ajustar alguns resultados”.

O estudo – coordenado pelo sociólogo Casimiro Marques Balsa, professor da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa, para o Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências – recupera os anteriores. Houve um aumento de consumos entre 2001 e 2007 e uma estabilização ou até uma ligeira redução entre 2007 e 2012, embora com subidas nalguns indicadores. E há agora uma subida dos consumos de álcool, tabaco e cannabis.

Se olharmos para a prevalência ao longo da vida, o consumo de bebidas alcoólicas apresenta uma tendência de subida quer entre homens, quer entre mulheres. No consumo de tabaco a subida é ligeira e deve-se, sobretudo, às mulheres. Já o uso de medicamentos, a terceira substância mais consumida, desce.

Na cannabis, nota-se uma subida em “ambos os géneros quando consideramos a população total, uma descida entre os homens e uma subida entre as mulheres quando consideramos a população jovem adulta”. Na cocaína a tendência é de ligeira subida na população total e de descida entre jovens.

Já no que diz respeito à heroína, a prevalência encontrada é igual à verificada em 2012, quer entre a população total, quer entre a população jovem adulta. Nos dois casos, o estudo detecta um recuo entre os homens e uma subida entre as mulheres. Em todas as outras substâncias ilícitas consideradas há uma descida das prevalências de consumo ao longo da vida.

A esmagadora maioria da população nunca experimentou substâncias psicoactivas ilícitas (90%). Quase toda a gente se absteve de consumir cogumelos alucinogénios e novas substâncias psicoactivas (99,8%). O mesmo não se poderá dizer das substâncias lícitas. Só metade da população se abstém de fumar cigarros. E só 13% dizem o mesmo sobre bebidas alcoólicas.

No que diz respeito à heroína, a prevalência encontrada é igual à verificada em 2012, quer entre a população total, quer entre a população jovem adulta. Nos dois casos, o estudo detecta um recuo entre os homens e uma subida entre as mulheres.

As bebidas alcoólicas são a droga de eleição de quase metade dos consumidores recorrentes de algum tipo de substância (48%). No caso especifico das drogas ilícitas, a cannabis é a que apresenta maior número de declarações que assumem um consumo com frequência mais regular.

De acordo com o resumo do estudo apresentado esta manhã, “4,9% da população apresenta um consumo de bebidas alcoólicas sem risco, 37,1% um consumo de baixo risco e 12,6% um consumo de risco médio”. É de 3,6 “a percentagem de consumidores de risco elevado/dependentes alcoólicos”.

Consumos abusivos

Um inquérito específico indica que “é de 1% a prevalência da população residente em Portugal consumidora abusiva ou dependente de bebidas alcoólicas”. O valor é mais elevado entre os homens (1,7%) do que entre mulheres (0,4%). E “entre 2012 e 2016/17 verificou-se “um aumento da prevalência ao longo da vida em ambos os géneros”. Os valores acima da média foram encontrados entre os consumidores com idades compreendidas entre os 35 e os 64 anos.

No caso do consumo de cannabis, “0,6% da população apresenta um risco moderado ou elevado”. Há ainda 0,8% que apresenta um risco baixo e 3% que não apresenta quaisquer riscos associados ao consumo desta droga. Estes consumos de risco moderado e elevado são mais significativos entre homens.

A idade média do início dos consumos varia de acordo com a substância. O tabaco, o álcool e a cannabis são os que se experimentam mais cedo. Quando se procura analisar a duração dos consumos, nenhuma substância bate o álcool. A carreira média é de 25 a 26 anos. Segue-se o tabaco, acima dos 20 anos. Entre as substâncias ilícitas, a cannabis e na cocaína são as drogas associadas aos consumos mais longos (em torno dos 15 anos).

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