Adeus Bannon: principal conselheiro de Trump sai da Casa Branca

Porta-voz confirma saída do principal conselheiro de Trump, o populista e nacionalista Bannon. Uma vitória para os moderados na Casa Branca. O movimento alt-right já deixa um aviso.

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Reuters/JOSHUA ROBERTS

É mesmo o fim da linha para o principal conselheiro de Donald Trump. Bastaram poucos minutos, depois de a imprensa norte-americana dar como certa a saída de Steve Bannon, do cargo de principal conselheiro do Presidente dos EUA, para a porta-voz da Casa Branca confirmar a informação: "Hoje [sexta-feira] é o último dia do Steve", confirmou Sarah Sanders. Segundo o The New York Times, Trump informou a sua equipa na manhã desta sexta-feira (a conta Twitter do Presidente, essa, continua sem referir o assunto). 

Steve Bannon, que dirigia o site Breitbart, da chamada alt-right, foi sempre tido como a voz da extrema-direita na Casa Branca de Donald Trump e nos últimos meses terá protagonizado momentos de tensão dentro da Casa Branca. Na imprensa americana, conta-se que as últimas semanas foram de alta tensão entre o próprio Presidente e o seu conselheiro. Mas as versões sobre como tudo se processou não são coincidentes.

No comunicado aos jornalistas, a porta-voz da Casa Branca tentou apresentar a saída como um processo de mútuo entendimento, explicando que o acordo para a saída foi fechado com o novo chefe de gabinete de Donald Trump, John Kelly. E ainda deixou uma mensagem de agradecimento ao homem que, na prática, desenhou a estratégia de campanha, nacionalista e populista, que conduziu Trump à Presidência: “Estamos gratos pelos seus serviços e desejamos-lhe o melhor".

Mas nada do que acontece nestes dias na Casa Branca parece ser linear. Sobretudo desde há três semanas, quando Trump escolheu Kelly, um militar, para arrumar a Casa Branca, que a posição do seu conselheiro ficou fragilizada. A Reuters, por exemplo, diz que a sua última entrevista, onde dizia que seria impossível abrir um conflito com a Coreia do Norte, foi a gota de água para Trump pôr um ponto final numa longa relação. No The New York Times, fontes da Casa Branca leram as suas críticas nessa entrevista a várias pessoas da Administração como uma "provocação" ao Presidente. Mas não é o que dizem os mais próximos de Bannon. Ao mesmo jornal um deles dizia que este tinha apresentado a sua demissão a 7 de Agosto, acrescentando que só os conflitos raciais em Charlottesville, no último fim-de-semana, adiaram o anúncio oficial. Outra fonte, da Administração, acrescentava que Trump resistiu à demissão por recear uma reacção negativa daqueles que viam em Bannon o essencial da mensagem política que o levou ao poder.

O facto é que a violência registada em Charlottesville deu espaço aos críticos de Bannon. Indignados com as declarações de Trump, que traçou uma igualdade moral entre os "dois lados" da contenda (os pró-nazis que reclamavam "a nossa terra" e os contra-manifestantes), foram vários os republicanos que vieram a público corrigir o discurso do Presidente. Em cima disso vieram os pedidos das organizações de direitos humanos para que Trump demitisse os "nacionalistas" da Casa Branca. Nos bastidores, o grupo dos críticos era forte, incluindo o genro de Trump, Jared Kushner, e o principal conselheiro económico, Gary D. Cohn - este último muito crítico das suas posições sobre o comércio. E Bannon sentiu-se cercado, dizia um dos seus mais próximos ao Washington Post, falando numa coligação entre "democratas, banqueiros e falcões" (leia-se, o aparelho republicano, a quem Bannon abriu guerra). 

Fontes ouvidas pelo Washington Post admitem que Bannon não saia sozinho, levando também outros elementos da equipa de Trump mais alinhados com a sua linha política. A outra dúvida é como se vai posicionar Bannon - e os seus seguidores da alt-right. "Ele vai ajudar o Presidente, esteja dentro ou fora", garantia um dos seus mais próximos. Joel Pollak, um editor do site Breitbart, deixou já uma pista num tweet de uma palavra, já depois da demissão: “#WAR,” [guerra], escreveu ele, sem outra explicação.

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