Bannon fala da extrema-direita como “grupo de palhaços”
Entrevista surpreendente do principal conselheiro de Donald Trump da Casa Branca.
Stephen Bannon, considerado o representante da extrema-direita na Administração Trump, deu uma entrevista em que fala dos nacionalistas como “um bando de palhaços”.
Numa entrevista a uma revista de esquerda, a American Prospect, que não foi pedida por nenhum jornalista – e que, segundo alguns relatos, Bannon não sabia que seria publicada – o estratego principal da Casa Branca contradiz o Presidente, Donald Trump, noutras questões. Declara, por exemplo, que não há solução militar para o conflito com a Coreia do Norte (quando Trump ameaçara o regime de Kim Jong-un com “fogo e fúria”.)
Robert Kuttner, co-fundador e co-director da revista, diz ter ficado surpreendido com o telefonema de Bannon e os seus comentários controversos, especialmente numa altura em que a sua continuação na Casa Branca estava em dúvida. Questionado esta semana sobre a continuidade de Bannon no cargo, Trump respondeu simplesmente: “Vamos ver.”
Na entrevista, Bannon reconhece que há um conflito na Casa Branca, mas classificou o estado dos seus adversários como “a fazer chichi pelas pernas abaixo”.
Bannon, que dirigia o site Breitbart, da chamada alt-right (que não é mais do que outro nome para extrema-direita), que entre outras coisas tinha uma secção chamada “crime negro” (dedicada apenas a notícias sobre crimes cometidos por negros), foi sempre tido como a voz da extrema-direita na Casa Branca de Donald Trump – que tem apresentado os acontecimentos em Charlottesville como uma questão entre dois lados, não condenando directamente os extremistas que começaram a violência (um admirador de Hitler lançou um carro contra transeuntes, matando uma mulher de 32 anos).
Na entrevista, Bannon diz, no entanto, que os “etnonacionalistas” são “falhados” e “um bando de palhaços”. “São um elemento marginal”, declarou. “Acho que os media lhes dão demasiada atenção, e temos de ajudar a esmagá-los.”
Mas o debate, considera Bannon, é bom para os republicanos, porque enquanto os democratas “se preocuparem em falar de política de identidade estão feitos”. “Quero que falem de racismo todos os dias”, declarou. “Se a esquerda se focar em racismo e identidade, nós falamos de nacionalismo económico, podemos esmagar os democratas.”