Casa Branca explica que Trump quis criticar a extrema-direita
Declaração vaga do Presidente alvo de crítica generalizada - incluindo de Anthony Scaramucci. Mike Pence e Ivanka Trump foram mais claros na condenação.
A reacção tépida do Presidente norte-americano, Donald Trump, e a sua condenação geral da “violência de todos os lados” levou a Casa Branca a especificar que o Presidente queria, de facto, incluir os grupos neonazis e o Ku Klux Klan na sua declaração. Outros responsáveis como o vice-Presidente, Mike Pence, e Ivanka Trump formularam entretanto condenações mais fortes.
O governador da Virgínia declarou estado de emergência, depois da violência provocada por uma manifestação de extrema-direita, incluindo os supremacistas brancos do Ku Klux Klan (KKK), e activistas da chamada alt-right ("direita alternativa", um nome moderno para os extremistas) e neonazis em Charlotesville. Um carro arremessou-se contra uma contra-manifestação, matando uma mulher de 32 anos, e 19 pessoas ficaram feridas. Outras 15 pessoas ficaram também feridas em confrontos entre a manifestantes e contra-manifestantes, e dois polícias morreram quando o helicóptero onde seguiam – para ajudar no controlo da violência – caiu.
A extrema-direita apoiou Trump durante a campanha e uma das suas principais figuras, Steve Bannon, é um dos conselheiros do Presidente.
Ao enfrentar a sua maior crise interna da presidência, Trump tweetou tarde e, ao contrário do que é habitual, foi pouco incisivo. “Não há lugar para este tipo de violência na nossa sociedade”, disse, culpando “a violência de tantos lados”. Terminou com condolências às vítimas. “Tão triste!”.
A Casa Branca explicitou, mais tarde, que Trump quis incluir os extremistas nas suas críticas. "O Presidente condenou a violência e claro que isso inclui os supremacistas brancos, KKK, os neonazis, e todos os grupos extremistas", dizia uma mensagem enviada por email aos jornalistas que cobrem a presidência, assinada por um "porta-voz da Casa Branca".
O diário norte-americano The New York Times sublinha que a declaração chegou "mais de 36 horas após o início dos protestos" — e não foi atribuída directamente ao Presidente.
A primeira entrevista de Scaramucci
E o vice-Presidente, Mike Pence, defendeu Trump, atacando os media, alegando que estes estão mais preocupados em atacar Trump do que com a própria violência.
“Não vamos tolerar ódio e violência de grupos como supremacistas brancos, KKK e neonazis Estes grupos extremistas não têm lugar no debate americano”, declarou Pence, que faz neste momento um périplo pela América Latina, à estação de televisão norte-americana NBC.
A filha de Trump, Ivanka, também usou o Twitter para declarar que “não deve haver lugar na nossa sociedade para racismo, supremacismo branco e neonazis”.
Entre as várias críticas à reacção de Trump está uma especial: a de Anthony Scaramucci, que muito brevemente ocupou a chefia de comunicações da Casa Branca. “Penso que o Presidente devia ter sido muito mais duro”, declarou Scaramucci ao programa This Week da ABC. “Eu não teria recomendado aquela declaração”, assegurou.
Na sua primeira entrevista desde que saiu abruptamente do cargo há duas semanas, Scaramucci alertou Trump para “os inimigos no interior” da Casa Branca.