JBS, a empresa na origem da denúncia contra Temer

É uma das maiores empresas de carne do mundo e, nos últimos anos, foi quem mais financiou campanhas eleitorais. Donos fizeram acordo de imunidade com a justiça.

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No auge da Operação Carne Fraca, Temer comeu um churrasco para provar que não havia risco para a saúde pública EPA/Joédson Alves

Chamam-se Joesley e Wesley Batista, são irmãos e os actuais donos da holding J&F, que detém a JBS, uma das maiores empresas de carne do mundo. Estão no centro do terramoto político que começou na quarta-feira à noite, quando se soube que Joesley fez um acordo com a justiça, trocando imunidade por informações sobre corrupção, no âmbito da mega-investigação Lava Jato. Depois de pedir autorização ao Presidente Temer, a JBS, soube-se, pagou a Eduardo Cunha, que está preso, para se manter calado.

Além de Temer, a JBS ficou debaixo dos focos dos jornalistas, que desfiaram uma teia já antiga sobre esta empresa que, nos últimos anos, se tornou a maior financiadora de campanhas políticas no Brasil, ultrapassando as construtoras Camargo Corrêa e Oderbrecht, outras empresas no centro da Lava Jato.

A JBS, explica a imprensa brasileira, começou a crescer quando Lula da Silva chegou à presidência do Brasil - a família já tinha percorrido um caminho longo, e ascendente, desde os primórdios, em 1953, quando abriu um talho em Goiás. Do talho passou para o processamento de carne. A empresa trabalha com produtos de higiene, colágenuo, embalagens metálicas, biodiesel, e os negócios estão divididos em três categorias: JBS Mercosul, JBS Foods e JBS USA. Já o grupo contrata marcas como a Swift, Friboi, Maturatta, Seara, Cabana Las Lilas, Pilgrim’s, Gold Kist Farms, Pierce, e Big Frango e actua em 22 países dos cinco continentes.

Em 2014, os Batista doaram 113 milhões de reais a campanhas: apoiaram 168 candidatos a deputado federal, 197 deputados estaduais, 12 governadores, 13 senadores e três candidatos à presidência. Porém, nota o El País Brasil, a "oposição" foi quem mais lucrou, com apenas 25% do dinheiro a ir para o PT de Lula e de Dilma Rousseff - 55% foi para sete partidos que apoiaram Rousseff.

Coincidindo com esta ascenção meteórica e esta actividade de contribuição para campanhas políticas, a empresa tornou-se também numa das recordistas de investigações judiciais.

Entre 2016 e 2017, a JBS foi alvo de cinco operações judiciais: em 2016, foi investigado o pagamento de subornos para obtenção de um fundo de investimento; em Setembro, uma fraude na obtenção de um fundo de pensões; em Janeiro deste ano, foi investigado o facto de ter beneficiado de créditos da Caixa Económica Federal num esquema que incluia Eduardo Cunha e na Operação Carne Fraca investigou-se o pagamento de subornos para que carne imprópria para consumo fosse vendida.

Já neste mês de Maio avançou uma investigação à suspeita de que a JBS beneficiou de um esquema de financiamento ilegal por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Económico, um dos maiores do Brasil. Num esquema de compra de acções de preço baixo e fictício, o Estado terá sido lesado em milhões de reais, estando neste esquema envolvido um ex-ministro de Lula, Antonio Palocci, agora proprietário de uma consultora.

Wesley foi chamado a depor, 37 funcionários do banco também e os media brasileiros sublinharam que ficou aberta uma nova via de investigação da Lava Jato - depois das construtoras, a banca brasileira.

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