ANA garante que operações voltaram ao normal. Companhias dizem que nem por isso
Assistência aos passageiros afectados não pode ser imputada às companhias aéreas. É a entidade que gere o aeroporto que terá de lidar com eventuais pedidos de indemnização.
A ANA- Aeroportos de Portugal afirmou que dez horas depois de ter resolvido o problema de abastecimento de combustível a aeronaves – e que foi sanado por volta das 00h30 – conseguiu que a operação no Aeroporto Humberto Delgado retomasse a normalidade. “Nesta altura [10h30], todas as restrições ao tráfego aéreo foram levantadas e todos os voos estão a decorrer de acordo com o previsto, ao ritmo normal”, afirmou a empresa que faz a gestão do aeroporto em comunicado.
Mas as companhias aéreas, que se viram forçadas a lidar com o problema no abastecimento das aeronaves, e que conduziu ao cancelamento de pelo menos 64 voos, ao desvio de 11 e afectou outros 322 voos por atraso, ainda não falam em normalidade, e admitem que ainda precisam do resto do dia para que a operação volte ao ritmo normal.
Os passageiros cujo voo sofra atrasos consideráveis têm, por lei, direito a receber assistência, e ser-lhes facultada a possibilidade de efectuarem chamadas telefónicas e terem acesso a bebidas, refeição, alojamento ou transporte para o local de alojamento. Se a irregularidade que atrasou ou cancelou o voo fosse imputável à companhia aérea, seria a ela que caberia zelar pelo cumprimento destas regras. Como não foi o caso do que aconteceu na quarta-feira no aeroporto Humberto Delgado, e os problemas detectados são integralmente imputados à empresa que gere o aeroporto, é a ANA quem tem de assegurar a assistência aos passageiros. É também ela quem deverá lidar com os eventuais pedidos de indemnização que venham a ser pedidos pelos passageiros afectados.
“Os problemas não podem ser imputados à TAP, que, ao fim e ao cabo, também é uma vítima. O que a TAP fez, assim que o problema foi detectado, foi permitir aos passageiros que o pretendessem fazer, alterar a data de voo até ao próximo dia 15 de Maio, podendo fazê-lo sem custos”, recordou ao PÚBLICO o porta-voz da TAP, André Serpa Soares.
Sendo a TAP uma das principais prejudicadas por este problema no aeroporto de Lisboa, uma vez que afectou a totalidade da sua operação, com cerca de 250 voos diários, a principal preocupação “foi cuidar das pessoas, arranjando-lhes solução”. “sendo certo que é difícil gerir um problema desta dimensão, quando não se sabe quando vamos conseguir voar, quando temos novos planos de voos autorizados, etc”, explica André Serpa Soares.
Alguns passageiros têm-se queixado da falta de assistência em terra, e do facto de só alguns terem tido acesso a distribuição de pão e água. Distribuição essa que, confirmou o PÚBLICO junto das companhias aéreas, foi assegurada pela ANA, tendo sido também esta a entidade que accionou a Protecção Civil para a instalação de camas de campanha para que alguns passageiros pudessem pernoitar.