GNR abre inquérito a militar que deixou homem inconsciente no Montijo
Gravada e partilhada nas redes sociais, a detenção por “atitude imprópria e ofensiva para com os funcionários” de uma repartição de Finanças vai ser investigada.
A GNR abriu um inquérito “a fim de averiguar as circunstâncias da detenção do cidadão” que ficou inconsciente numa repartição das Finanças do Montijo, por acção de um militar da corporação, para apurar responsabilidades. Num comunicado enviado às redacções, a GNR confirma que deteve um homem “que se encontrava com uma atitude imprópria e ofensiva para com os funcionários” daquela repartição pública.
O suspeito detido queixava-se do serviço da repartição das Finanças e, num vídeo que o próprio gravou e que foi disseminado online, afirma que o militar lhe tinha pedido para sair do local por ter desrespeitado os funcionários. “Eu não estou filmando”, garantia o homem enquanto filmava em directo para o Facebook. O militar apareceu por trás do homem e apertou-lhe o pescoço com o braço, mencionando o “direito de imagem” que o impedia de filmar ali.
“Tenha calma”, pediam as pessoas presentes no local, enquanto o homem era agarrado pelo pescoço pelo militar, numa manobra conhecida como “mata-leão” que o deixou inconsciente. “Lindo menino, a partir deste momento estás detido”, ouve-se o militar a dizer nas imagens captadas por telemóvel.
A SIC Notícias avança que o homem vai ser presente a tribunal nesta quarta-feira pelos crimes de desobediência e de coacção a funcionário público. Também a TVI24 adianta que o militar da GNR não se encontrava de serviço mas sim no seu dia de folga.
ASPIG quer "público louvor"
A Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda (ASPIG) também já se pronunciou sobre o caso, referindo que espera que o mesmo seja investigado.
"Esperamos que as alegadas agressões sobre um cidadão brasileiro, por parte de um militar da GNR, na repartição de Finanças do Montijo, sejam investigadas sem preconceitos e à luz de uma isenta interpretação da Lei", refere em comunicado enviado à Lusa.
A associação defende que os militares da GNR, em serviço ou à civil, são "obrigados a recorrerem ao uso da força quando se revele legítimo, necessário, adequado e proporcional ao objectivo visado".
"A ASPIG espera que o acto alegadamente praticado pelo militar não tenha extravasado os limites legais e que a sua conduta, atendendo à sua determinação em fazer valer os direitos dos cidadãos, mereça, isso sim, público louvor", conclui. com Lusa