Perante uma plateia "amigável", Trump promete um poderio militar nunca visto

Num evento que reúne a ala política conservadora, o Presidente prometeu tornar as forças armadas "mais fortes do que alguma vez foram" e garantiu que vai acelerar a construção do muro na fronteira do México.

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Donald Trump foi o primeiro Presidente em funções, desde Ronald Reagan, a dirigir-se à Conferência de Acção Política Conservadora Reuters/KEVIN LAMARQUE

Perante uma plateia "amigável", Donald Trump voltou a criticar a comunicação social americana, insistiu na construção do muro na fronteira do México, prometeu guerra impediosa contra o terrorismo e garantiu o proteccionismo económico, e colocou em êxtase o público numa conferência anual que junta a ala conservadora dos EUA.

Na Conferência da Acção Política Conservadora, no estado do Maryland, o Presidente americano até elogiou o Los Angeles Times e outras publicações cujas sondagens se aproximaram mais do resultado das eleições de Novembro de 2016, mas voltou a atacar órgãos de comunicação que, segundo Trump, publicam notícias falsas baseadas em fontes anónimas. Em concreto, Trump referiu uma história divulgada pelo Washington Post em que citava nove fontes ligadas à segurança da actual e antigas Administrações para noticiar que o conselheiro para a segurança de Trump, Michael Flynn, que entretanto pediu a demissão, discutiu as sanções aplicadas por Obama à Rússia com o embaixador russo nos EUA.

Ou seja, o Presidente garantiu que não acreditava que tenham sido ouvidas nove fontes, tal como é relatado na história. “Eles inventam fontes”, afirmou. “Nós estamos a lutar contra as notícias falsas”, garantiu o Presidente. “É falso, falso, falso”, rematou ainda. Sobre a CNN, Trump recorreu à ironia para utilizar a sigla do canal e apelidá-lo de "Clinton News Network", referindo-se à sua adversária nas eleições de Novembro, Hillary Clinton.

Segundo dá conta o Washington Post, esta é a primeira vez desde Ronald Reagan que um Presidente em funções participa neste evento. No entanto, antes de enveredar pela vida política, Trump tinha já marcado presença na conferência quatro vezes. Na sua primeira aparição, em 2011, o então empresário dava já mostras da sua insatisfação em relação ao poder político de Washington: “À América actual falta liderança de qualidade, e os países estrangeiros perceberam-no rapidamente”, disse na altura. Apesar disso, conta o New York Times, Trump não esteve presente no evento no ano passado, numa altura em que decorria a campanha para as primárias do Partido Republicano. A organização explicou que o então candidato queria apenas realizar um pequeno discurso, mas os organizadores pretendiam uma sessão de perguntas e respostas. Por seu lado, esta sexta-feira, o actual Presidente justificou a ausência com as posições defendidas durante a campanha que considerava serem “demasiado controversas” para o público conservador.

Apresentando propostas antigas, mas exacerbando o nacionalismo, Trump garantiu que “finalmente” os EUA “têm um Presidente”: “Eu não estou a representar o mundo. Eu estou a representar o nosso país”, rematou. E é nessa posição que revelou estar a reunir “um pedido de orçamento maciço” para desenvolver “todas as forças armadas”. “Nós vamos desenvolver substancialmente as nossas forças armadas, todas as nossas forças armadas. De ofensiva, defensiva. Tudo. Maior e melhor e mais fortes do que alguma vez foram. E espero que nunca tenhamos que a utilizar. Ninguém se vai meter connosco outra vez, pessoal. Ninguém”, afirmou.

Regressando ao tom da campanha eleitoral, e numa altura em que se iniciam conversações com o Governo mexicano, Trump deixou um aviso: “Nós vamos construir o muro, não se preocupem com isso”. Além disso, o Presidente garantiu que vai acelerar a construção do muro na fronteira do México. “Eu nunca, nunca irei pedir desculpas por proteger a segurança do povo americano”, rematou ainda.

Já depois do discurso, e numa publicação no Facebook, Donald Trump desenvolveu mais um pouco as suas intenções. "Onde as portas da Casa Branca costumavam estar fechadas, estão agora completamente abertas – abertas aos negócios do povo".

Listando as promessas para o futuro, o Presidente garante: “Uma por uma, estamos a verificar as promessas que fizemos ao povo dos Estados Unidos. E não vamos parar enquanto o trabalho não estiver feito".

Durante os quatro dias de evento, foram vários os membros da Administração Trump que passaram pelo palco para se dirigirem ao público. Um deles foi Steve Bannon, principal estrategista da Casa Branca, e que muitos consideram ser a principal influência intelectual por detrás da agenda política de Donald Trump. Esta quinta-feira, Bannon subiu ao palco juntamente com Reince Priebus, chefe de gabinete da Casa Branca, na sua primeira aparição pública desde que a actual Administração entrou em funções. Ambos mostraram-se alinhados com a guerra à imprensa iniciada pelo Presidente.

Referindo-se à comunicação social e à oposição, Bannon deixou o aviso: “Se estão a pensar que vos vamos devolver o vosso país de volta sem dar luta, estão muito errados”. “Todos os dias vão ser uma luta”, asseverou, citado pelo Washington Post. Horas depois, jornalistas de vários órgãos de comunicação social eram barrados à porta da Casa Branca.

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