Almaraz: BE vai chamar ministro dos Negócios Estrangeiros à AR

Para o Bloco, a situação é “grave” e é já uma questão diplomática entre Portugal e Espanha.

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O eventual prolongamento do período de funcionamento da central nuclear de Almaraz tem motivado protestos RUI GAUDÊNCIO

O Bloco de Esquerda vai entregar já nesta sexta-feira na Comissão do Ambiente, Ordenamento do Território e Poder Local um requerimento para que o ministro dos Negócios Estrangeiros seja ouvido no Parlamento em relação à central nuclear de Almaraz.

Os bloquistas estão preocupados com o parecer favorável do Conselho de Segurança Nuclear espanhol para prolongar vida da central nuclear de Garoña mais 20 anos. Segundo o deputado Pedro Soares, tal “confirma todos os receios” que têm sido manifestados “junto do Governo português sobre Almaraz e reafirma a ideia de que a construção do armazém de resíduos nucleares se destina a estender o funcionamento de Almaraz para lá de 2020”.

“A situação é evidentemente grave, como ficou mais uma vez demonstrado hoje com a explosão na central de Flamanville, em França. Se um acidente deste tipo ocorrer em Almaraz, o sistema alternativo de arrefecimento não dá garantias de resposta”, defende o deputado do BE, Pedro Soares, justificando que a polémica em torno da central nuclear de Almaraz, envolvendo Espanha e Portugal, já é uma questão diplomática. Por isso, o Bloco vai requer a ida do ministro dos Negócios Estrangeiros ao Parlamento.

A polémica em relação ao prolongamento ou não do período de funcionamento da central nuclear de Almaraz tem motivado protestos, tanto em Portugal, como em Espanha, com alguns políticos e muitos ambientalistas unidos contra a hipótese de prolongamento.

A notícia nesta quinta-feira sobre a explosão de um ventilador na sala das máquinas da central nuclear de Flamanville, no Norte de França, veio aumentar ainda mais os receios. Apesar de a explosão ter acontecido numa zona que não está em contacto com o combustível nuclear e de as autoridades dizerem que não existe risco de fuga de radioactividade, cinco pessoas ficaram intoxicadas. 

Esta não, porém, é a única questão que está a inquietar as várias vozes que se têm batido por esta causa. O facto de o Conselho de Segurança Nuclear (CSN) espanhol ter dado um parecer favorável para que a central nuclear de Garona possa operar até completar 60 anos constitui mais um motivo de preocupação para quem se opõe ao prolongamento do funcionamento da central de Almaraz, situada a 100 quilómetros da fronteira portuguesa.

O que os bloquistas – bem como outros partidos e movimentos – temem é que esta decisão do CSN possa abrir o precedente para outras cinco centrais, entre as quais a de Almaraz, cuja licença caduca em 2020 e que o Governo espanhol terá de decidir se prolonga ou não. Também o PAN enviou, nesta quinta-feira, uma série de questões ao Ministério do Ambiente sobre a possível reactivação de centrais nucleares espanholas após o seu tempo de vida. 

Em Janeiro, Portugal apresentou à Comissão Europeia uma queixa relacionada com a decisão espanhola de construir um armazém de resíduos nucleares em Almaraz, sem, no entanto, avaliar o impacto ambiental transfronteiriço, como ditam as regras europeias. A decisão de construir este aterro é mais um motivo que leva os políticos e os ambientalistas, envolvidos nesta causa, a ficarem ainda mais desconfiados de que o sentido da decisão espanhola seja precisamente prolongar o funcionamento daquela central para lá de 2020.

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