Martin Schulz está empatado nas sondagens com Angela Merkel
Alemães vêem no ex-presidente do Parlamento Europeu alguém mais simpático e em que podem confiar mais do que na actual chanceler.
O social-democrata Martin Schulz está empatado com Angela Merkel nas preferências dos alemães, com 41%, a oito meses das eleições legislativas.
Este é o resultado de uma sondagem da televisão ARD, conduzida na quarta-feira, um dia depois de ter sido anunciado que será Schulz o candidato do Partido Social Democrata (SPD) a chanceler e não Sigmar Gabriel, o ministro da Economia e vice-chanceler do governo da grande coligação com os democratas cristãos da CDU, liderada por Angela Merkel.
Merkel marca mais pontos nas capacidades de liderança (79% consideram-na a melhor líder, 50% preferem o ex-presidente do Parlamento Europeu) e os eleitores consideram que é mais competente que Schulz (78% contra 68%). No entanto, os alemães já não estão tão dispostos a entregar a sua confiança a Angela Merkel: 64% consideram-na credível, mas Schulz ganha-lhe por um ponto, 65%. Schulz é também considerado mais simpático por 69% dos alemães, enquanto apenas 63% continua a preferir a actual chanceler.
No entanto, 65% dos cidadãos confessa desconhecer quais as políticas defendidas por Martin Schulz – um político que fez carreira essencialmente no palco europeu. Não tem responsabilidades nas decisões tomadas pelo SPD durante os últimos anos no Governo com a CDU, como a permissão de entrada de refugiados do Médio Oriente, ou quando os sociais-democratas estiveram no poder anteriormente e protagonizaram grandes cortes na Segurança Social.
Apenas 39% consideram ainda Sigmar Gabriel um bom líder, pelo que ser um rosto novo no contexto alemão torna-se uma vantagem para Schulz. Apesar dos bons resultados de Schulz, a CDU continua cerca de 15 pontos à frente do SPD nas intenções de voto, diz a Reuters.
A aposta de Schulz poderá ser a de fazer uma coligação de governo alternativa, com Os Verdes e o partido Die Linke, na base do qual estão os ex-comunistas da Alemanha de Leste. Mas o Die Linke opõe-se à NATO e à integração europeia, sublinha o Financial Times – dois grandes obstáculos para um europeísta convicto como Martin Schulz.
Esta faceta claramente pró-europeia torna por outro lado Schulz vulnerável a ataques do partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que tem cerca de 10% nas sondagens. Embora não se declare claramente anti-UE, a AfD não tem qualquer pudor em criticar políticas associadas à União Europeia, como o acolhimento de imigrantes e refugiados.