Manifestações marcam sexto aniversário da revolução na Tunísia

Protestos concentram-se no Sul e Centro do país, regiões marginalizadas onde falta emprego. Incidentes marcaram visita do Presidente à cidade de Gafna.

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Manifestação em Sidi Bouzid, o berço da revolução de 2011 Amine Ben Aziza/Reuters

Manifestações, confrontos com a polícia marcaram o sexto aniversário do triunfo da revolução na Tunísia, país que é apontado como exemplo de sucesso das revoltas da Primavera Árabe, mas onde a estagnação da economia é incapaz de responder às reivindicações dos que em 2011 derrubaram o ditador Zine El Abidine Ben Ali. De visita a uma das regiões mais deprimidas do país, também o Presidente Beji Caid Essebsi foi alvo de contestação.

Os protestos começaram na cidade de Ben Guerdane, no Sul do país, junto à fronteira com a Líbia e estenderam-se a outras cidades já neste sábado, dia em que se assinala a fuga para a Arábia Saudita de Ben Ali, o homem que governou a Tunísia com mão de ferro durante 23 anos e acabou por não resistir a um mês de manifestações, como o país nunca tinha assistido.

Tudo começou a 17 de Dezembro do ano anterior em Sidi Bouzid, na região central do país, depois de um vendedor de rua, Mohamed Bouazizi, se ter imolado, num protesto desesperado contra os abusos e a corrupção das autoridades locais, gerando uma onda de indignação que se espalharia pelo país, naquela que foi a primeira revolta da Primavera Árabe.

Seis anos depois, no berço da revolução, centenas de pessoas concentraram-se em frente ao edifício do governador provincial, retomando palavras de ordem de 2011. “Os slogans são os mesmos, ‘o trabalho é um direito nosso’ e ‘não temos medo, a rua pertence ao povo’”, contou à Reuters Attia Athmouni, um habitante local.

A agência conta que em Gafsa, no coração da indústria de fosfatos do país, jovens em fúria atiraram pedras contra a polícia e bloquearam uma estrada, obrigando a caravana do Presidente Essebsi a alterar a rota que tinha sido definida para a visita à cidade, de onde acabou por sair de helicóptero. Em Ben Guerdane, depois de um dia de acalmia, que coincidiu com a visita de ministros à cidade para prometer mais investimento público, os protestos regressaram neste sábado, com notícia de confrontos entre manifestantes e polícias.

Perante o regresso da autocracia ao Egipto, o caos na Líbia e a devastadora guerra na Síria, a Tunísia é apontada como modelo de transição democrática e, apesar de várias crises políticas, as forças liberais e os islamistas moderados chegaram a um compromisso, o país tem uma nova Constituição e realizou já eleições livres. Mas a melhoria da situação económica, uma das principais reivindicações de muitos tunisinos, não aconteceu e o desemprego continua a ser um problema sem solução, em especial nas regiões marginalizadas do Centro e Sul do país, onde a agricultura continua a ser uma das principais fontes de rendimento e se tornaram frequentes os protestos dos mais jovens contra a falta de oportunidades.

Numa tentativa para acalmar a contestação, as autoridades repetem promessas de investimento, tal como fez neste sábado Essebsi que, segundo uuma nota da presidência, foi a Gafsa anunciar novos projectos de desenvolvimento que, garantiu, vão criar mais empregos na região.

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