MNE aponta emigrantes como "facilitadores" de exportações e investimentos

Augusto Santos Silva garantiu que não aceita que potenciais investidores sejam confrontados com problemas burocráticos.

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Augusto Santos Silva, Ministro dos Negócios Estrangeiros Daniel Rocha

"As nossas comunidades podem servir de facilitadores para as exportações portuguesas para esses países e para o investimento português. Eles são o principal testemunho da valia de Portugal nesses países, são o exemplo concreto do valor de Portugal", considerou Santos Silva, em declarações aos jornalistas no final da sessão de abertura do I Encontro de Investidores da Diáspora, que decorre até sábado em Sintra, com a participação de cerca de 300 empresários oriundos de 38 países.

Um dos objectivos principais do encontro é, destacou o ministro, atrair investimento da diáspora portuguesa para Portugal. Quanto à atracção de projetos para o país, Augusto Santos Silva garantiu que não aceita que potenciais investidores sejam confrontados com problemas burocráticos e disse que procura resolver questões desse tipo que surjam. "Quando me dizem, estou a ter problemas burocráticos, eu digo: quero saber quem, como, quando e onde. Você não pode ter impedimentos burocráticos", considerou.

Santos Silva admitiu que os projectos possam ser recusados porque a localização pretendida esteja numa reserva natural ou porque um investimento não tem a qualidade necessária para receber apoios, assim sendo avaliados "tecnicamente, profissionalmente, não politicamente" pelos serviços da administração.

"O que eu não aceito é que não se responda ou que não se responda em tempo útil, ou que um qualquer burocrata ou uma qualquer legislação esteja a impedir as pessoas de terem a informação necessária para tomar a sua decisão ou implementar imediatamente a sua decisão, se ela estiver tomada e se for conforme à lei", disse.

Nessas situações, relatou: "Peço sempre a todos que me identifiquem quais são os obstáculos que encontraram, onde, quem é o responsável, para, se forem responsáveis, lhes dar ordens em sentido contrário. Se for alguma questão legislativa ou administrativa, mudá-la".

No mesmo sentido, o presidente da Câmara de Sintra, Basílio Horta, que já presidiu à AICEP, defendeu que o mais importante é "informar o investidor, não o deixar sem resposta, porque isso significa não o considerar".

Já o secretário de Estado da Indústria, João Vasconcelos, considerou que é fundamental que as várias gerações da diáspora se voltem "a identificar com Portugal" e aproveitem as oportunidades existentes para investir no país.

O secretário de Estado salientou que "há uma nova geração de empreendedores a aparecer" e que a maioria das empresas estão viradas para a exportação. "Dez por cento destas empresas começam a exportar no primeiro ano e a maior parte destas empresas é nos vossos mercados que opera, não é no mercado português, e muitas destas empresas estão a ser criadas já por filhos da diáspora", afirmou, perante a plateia de empresários.

Assumindo-se como "filho e neto de emigrantes", o governante apontou a oportunidade de aproveitar os apoios do programa comunitário Portugal 2020, que actualmente conta com cerca de seis mil projectos de investimento de empresas aprovados".

"O Portugal 2020 passou a ser um parceiro para quem quer intervir, passou a ser um parceiro credível, que está a ser muito utilizado também por investidores estrangeiros", frisou.

Por seu lado, a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, elogiou o papel desenvolvido pelos emigrantes de "passar a palavra" na valorização do país como destino turístico. "O turismo representa em Portugal 15,3% das nossas exportações nacionais, portanto é um setor estratégico importantíssimo", destacou. Além da criação de emprego, o setor do turismo, em 2015, "representou 11,4 mil milhões das receitas portuguesas".

"Estamos a crescer 10% e mais interessante do que isto é que estamos a crescer ao longo do ano e não só naquilo que eram as épocas tradicionais turísticas e estamos a fazer com que o turismo seja cada vez mais uma actividade sustentável ao longo do ano", referiu Ana Mendes Godinho.

A secretária de Estado aproveitou para lançar o repto aos investidores da diáspora para que "sejam os principais líderes do investimento em Portugal", nomeadamente através do Programa Revive, que vai colocar no mercado 30 monumentos nacionais "para serem convertidos em projectos turísticos, de restauração, de animação e culturais".

No painel, José Vital Morgado, da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (Aicep Portugal Global), sublinhou a importância dos emigrantes para se conhecer os diferentes mercados e apontou que "nos últimos 20 anos, as comunidades portuguesas transferiram para Portugal 55 mil milhões de euros".

O presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, explicou que, além do "mercado da saudade", destinado aos investidores da diáspora, também é altura de avançar com "o mercado da curiosidade", para as novas gerações que não nasceram no país e como se modernizou.

Por seu lado, Miguel de Campos Cruz, presidente da Agência para a Competitividade e Inovação - IAPMEI, reconheceu a importância dos investidores da diáspora, mas vincou que existe a necessidade de demonstrar "a consistência de investimento" que tenha características relevantes e sustentabilidade.

No I Encontro de Investidores da Diáspora, dedicado ao tema "Conhecer para Investir" participam três centenas de empresários de sectores como a construção civil, limpezas, restauração, indústrias de moldes, plásticos, tecnologias de informação, comunicação, agroalimentar e turismo.