Explosão em Diyarbarkir, horas depois de detenções de líderes pró-curdos
Foram detidos os dois líderes do HDP e nove deputados. Bruxelas manifesta “extrema preocupação” com degradação do conflito entre turcos e curdos.
O Governo turco ordenou a detenção dos dois líderes e mais de uma dezena de deputados do Partido Democrático do Povo (HDP, esquerda pró-curda). Poucas horas depois das prisões, um carro armadilhado explodiu no centro da cidade de Diyarbakir, junto a uma esquadra. O PKK, a guerrilha curda, anunciou que iria “intensificar a luta” contra o Estado turco, em reacção a estas detenções.
A explosão, que, segundo o primeiro-ministro, fez pelo menos oito mortos e mais de 100 feridos, ocorreu perto da sede da polícia. O ataque foi visto como reacção à detenção dos dois co-líderes, Selahattin Demirtas e Figen Yuksekdag, e 13 outros deputados, a quem foi retirada a imunidade parlamentar em Maio, num decreto promulgado pelo Presidente Recep Taiyyp Erdogan em Junho.
O motivo da detenção foi terem-se recusado a prestar declarações sobre o seu alegado apoio a actividades terroristas. Um juiz decidiu mantê-los na prisão — foram levados para a mesma cadeia onde estão já os co-presidentes do município de Diyarbakir, detidos na semana passada por suspeitas de promoverem actividades terroristas.
O HDP é a terceira maior força no Parlamento turco, com 59 deputados em 550.
As autoridades turcas dizem que as detenções foram feitas no âmbito da “operação antiterrorista” contra o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado uma organização terrorista pelo Governo. “O HDP pede à comunidade internacional que reaja contra o golpe do regime do [Presidente] Erdogan”, pediu o partido no Twitter. Mas vários sites e serviços, incluindo o Twitter, estiveram ontem cortados na Turquia.
Estas prisões foram condenadas pela UE, pela Alemanha, pela Suécia e pelos EUA. Todos estes países manifestaram a sua “preocupação” com este passo do Governo turco.