Detido na Alemanha suspeito de pertencer ao Daesh
Sírio de 22 anos foi apanhado no fim de dois dias de operações. Planeara um ataque à bomba em Chemnitz, no Leste do país.
A polícia alemã diz que o homem suspeito de planear um ataque à bomba no Leste da Alemanha e entretanto detido tem provavelmente ligações ao Daesh, o autoproclamado Estado Islâmico.
“Os métodos e o comportamento do suspeito sugerem um contexto Estado Islâmico”, afirmou, numa conferência de imprensa, o chefe da polícia estatal da Saxónia, Joerg Michaelis.
Jaber al-Bakr, um sírio que entrou na Alemanha como refugiado em Fevereiro de 2015, foi detido na madrugada de segunda-feira em Leipzig. O alerta às autoridades foi dado por outro sírio, a quem Bakr pedira ajuda. A polícia encontrou explosivos muito voláteis no apartamento de Bakr e iniciou uma “caça ao homem” de dois dias.
De acordo com a investigação, o suspeito planeou “um ataque terrorista” em Chemnitz, no Leste da Alemanha. “É razoável afirmar que o cinto de explosivos estava quase pronto, ou já estava mesmo pronto a usar”, disse ainda Joerg Michaelis, descrevendo como o suspeito tinha pesquisado na Internet para aprender a fazer bombas. O atentado estaria "iminente".
No mesmo apartamento de Chemnitz, 260 quilómetros a sul de Berlim, onde foram encontrados os explosivos caseiros – do mesmo tipo dos que foram usados nos atentados jihadistas de Paris, em Novembro do ano passado, e em Bruxelas, em Março – estava um detonador e um quilo de materiais químicos.
Bakr entrou na Alemanha clandestinamente, como centenas de milhares de outros, e recebeu o estatuto de refugiado em Junho. Ao longo do ano passado, e face à vaga de refugiados que começou a chegar à Europa vindos dos países vizinhos dos de origem, a chanceler alemã, Angela Merkel, decidiu que o seu país acolheria perto de 800 mil.
Esta decisão tem custos internos para Merkel. Muito criticada pela sua política de abertura – por comparação com outros líderes europeus, que decidiram fechar literalmente as suas fronteiras, com recurso a muros ou vedações –, tem perdido popularidade e votos em eleições regionais e locais. A entrada de centenas de milhares de estrangeiros tem sido explorada pelo partido populista e anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD), tendo também incentivado os protestos do movimento Pegida (“Patriotas Europeus Contra a Islamização do País”).
Nos últimos meses, uma série de atentados ou tentativas de ataques de suspeitos radicais islamistas em diferentes cidades do país alarmou muitos alemães e garantiu a Merkel uma oposição ainda maior à sua política.
Em Setembro, depois de a sua CDU ter ficado em terceiro nas eleições no pequeno estado-federado de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, atrás do AfD, a chanceler admitiu que este resultado “teve naturalmente qualquer coisa a ver com a política de refugiados”. Mas sem se arrepender: “Acho que foi a decisão certa."