“Não temos margem” para colisão com Bruxelas, diz Marcelo
Na semana em que o Governo apresenta as contas para 2017, o Presidente sublinha que “tem de ser um bom orçamento”.
Marcelo Rebelo de Sousa está confiante em relação ao Orçamento do Estado para 2017 que o Governo apresenta na sexta-feira. “Tem de ser um bom Orçamento. Nós não temos muita margem, nós vamos ter de não entrar em colisão com as instituições europeias, temos compromissos a cumprir”, disse o Presidente da República, à margem da visita à Entrajuda - Bolsa do Voluntariado, instituição de solidariedade social ligada ao Banco Alimentar contra a Fome.
“Tenho a certeza que os compromissos serão cumpridos em matéria de défice e nesse sentido o Orçamento nunca foi para mim motivo de preocupação”, afirmou o chefe de Estado, que nas últimas semanas tem deixado claro não estar preocupado com o défice, mas sim com a necessidade de investimento e crescimento da economia.
Motivo de preocupação sobre o Orçamento só haveria, sublinhou, “se porventura houvesse a ideia de, a propósito do Orçamento de 2017 haver uma divergência entre Portugal e a União Europeia”. Ora, afirmou: “Não vai acontecer.” Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou mesmo que “Há todas as condições para haver um acordo entre a Comissão Europeia e o Governo e haver um acordo também entre os partidos que apoiam o Governo”, pelo que disse “esperar serenamente pelo Orçamento”.
O Presidente falava no Bairro da Cabrinha, um bairro social da zona de Alcântara onde está sediada a instituição criada há 10 anos por Isabel Jonet com o alto patrocínio do então chefe de Estado Cavaco Silva. Um facto que Marcelo quis enaltecer. “Há 10 anos, [Cavaco Silva] aqui estava a lançar a Bolsa de Voluntariado, não com palavras, mas com gestos, ao inscrever-se como o primeiro voluntário, no âmbito do seu primeiro roteiro presidencial que teve por tema a inclusão”, disse, dirigindo-se directamente ao seu antecessor, que ali mesmo recebeu uma camisola com o número 1 passa assinalar esse momento.
Questionado pelos jornalistas por que motivo decidiu agora homenagear Cavaco Silva, Marcelo respondeu: “Porque ele merece”. “As pessoas têm uma memória às vezes curta, mas o Presidente Cavaco Silva, no início do seu primeiro mandato, começou os seus roteiros pelo país pela questão social, pela necessidade de inclusão. Isto foi em 2006. Ele viu por antecipação uma situação social que o preocupou e percebeu a importância do voluntariado, que tem vindo a crescer, e bem”, justificou o chefe de Estado.