Justiça venezuelana manda prender dirigente da oposição

Nicolás Maduro acusa organizadores dos protestos de tentativa de golpe de Estado.

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“Aqui está a cara do fascismo!” dissse Maduro sobre o opositor Leopoldo López Jorge Silva/Reuters

“Aqui está a cara do fascismo!”, disse Maduro num discurso, quinta-feira à noite na televisão nacional. Na mão uma fotografia de Leopoldo López, líder do partido Voluntad Popular, durante a manifestação de quarta-feira.

Os protestos, contra a insegurança e o caos económico, decorreram de forma pacífica e foi já quando a maioria das pessoas tinha desmobilizado que se ouviram disparos que mataram duas pessoas: um dirigente da oposição e um homem identificado como apoiante do Governo. Na violência que se seguiu dezenas de pessoas ficaram feridas e, horas mais tarde, um outro opositor foi morto a tiro na capital.

A oposição responsabiliza o Governo pela violência, Maduro assegura que tudo faz parte de um plano para desestabilizar o país, repetindo o cenário de 2002, quando enormes manifestações levaram a um derrube, por escassas horas, do então Presidente Hugo Chávez. “Eles querem derrubar o Governo pela violência”, acusou Maduro, eleito meses depois da morte de Chávez, em 2013, assegurando que “muito em breve vão conhecer a cadeia pelos seus crimes”. “Nem que chova ou troveje este trânsfuga fascista vai ser preso”, acrescentou.

Horas antes, uma juíza de Caracas emitiu um mandado de captura contra López, antigo autarca de um dos distritos da capital e um dos três dirigentes da oposição que optaram pela linha dura – querem forçar Maduro a demitir-se organizando manifestações diárias contra o Presidente e o seu Governo. Segundo o jornal El Universal, que colocou no seu site uma foto do mandado, López é acusado de homicídio e associação criminosa.

Ao final da noite, através da sua conta no Twitter, López assegurou que continuava em casa e desafiava Maduro a cumprir pessoalmente a ordem de prisão. “@NicolasMaduro: não tem coragem para me prender, ou estás à espera das ordens de Havana? Digo-te que a verdade está do nosso lado”.

O vice-presidente venezuelano disse, no entanto, ter informações que o opositor se preparava para fugir para a Colômbia, num voo previsto para esta sexta-feira de manhã, e a Guarda Nacional fez visitas a vários portos e aeroportos, incluindo um aeródromo privado, para impedir a fuga de López, noticia o jornal El País.

As manifestações, que duram há já duas semanas, estão a provocar fracturas na aliança de partidos da oposição, entre os que defendem uma via mais radical e os que preferem continuar a luta contra o Governo no Parlamento. Numa conferência de imprensa quinta-feira, o ex-candidato à presidência Henrique Capriles culpou o Governo pelas mortes nos protestos em Caracas mas diz que não chegou ainda o momento para pedir a cabeça do Presidente. “Vamos continuar a canalizar o descontentamento, mas não vos vou mentir, as condições não estão reunidas para obter a saída do Governo”, afirmou.

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