Depois de anos a cortejar Vladimir Putin, e numa campanha em que prometeu colaborar com o Presidente russo e até a trabalhar para levantar as sanções impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia, Donald Trump viu o seu candidato a vice-presidente dar uma volta de 180 graus na abordagem da sua campanha em relação à Rússia.

No debate que o opôs ao candidato a vice-presidente de Hillary Clinton, na noite de terça para quarta-feira, Mike Pence chamou "pequeno e provocador líder" a Putin, e afirmou que "as provocações da Rússia têm de ser confrontadas com a força da América".

O próprio Mike Pence já tinha afirmado que Vladimir Putin é, "sem dúvida", um líder "mais forte no seu país do que Barack Obama" nos Estados Unidos, mas nessa entrevista à CNN, em Setembro, nunca descreveu o Presidente russo com o desdém e a agressividade que usou no debate que decorreu na Universidade Longwood, no estado da Virginia.

"Se a Rússia decidir continuar a envolver-se neste ataque bárbaro a Alepo [na Síria], os Estados Unidos da América devem usar a sua força militar para atacar alvos do regime de Assad", declarou Mike Pence.

Horas antes do debate, Donald Trump também deu a entender que o seu antigo romance com Vladimir Putin pode estar por um fio, depois de os Estados Unidos terem posto fim às conversações com a Rússia para um cessar-fogo na Síria. "A Rússia quebrou o acordo, e agora está a disparar, a bombardear, uma coisa desse género", disse Trump num comício em Prescott Valley, no estado do Arizona.

Mas a crítica de Trump e a nova posição agressiva contra a Rússia de Putin demonstrada pelo seu candidato a vice-presidente durante o debate tem um alvo maior do que Vladimir Putin. Aproveitando o fim das conversações entre os Estados Unidos e a Rússia, Trump disse que isso só aconteceu porque Putin "não tem respeito por Obama".

E Mike Pence foi mais longe, aproveitando a primeira e única oportunidade que teve para falar a milhões de eleitores ao mesmo tempo, e que agora ficaram com a impressão de que os candidatos do Partido Republicano sempre desprezaram o Presidente russo: "Quando Donald Trump for Presidente, vamos deixar de ter este comportamento no mundo, que permite à Rússia invadir a Crimeia e a Ucrânia. Vamos regressar à época da paz através da força."