Obama elogia a resposta da América ao terrorismo depois do 11 de Setembro
“Não deixamos de ser o país onde olhamos uns pelos outros. Foi assim que respondemos ao terrorismo, e essa é a melhor resposta e a que mais importa”, declarou o Presidente dos EUA, ao assinalar o 15.º aniversário dos atentados.
Como sempre acontece nas cerimónias de homenagem às vítimas dos atentados de 11 de Setembro de 2001, cumpriu-se um minuto de silêncio na hora exacta em que os aviões desviados pelos operacionais da Al-Qaeda se despenharam contra as Torres Gémeas de Nova Iorque, o edifício do Pentágono e num campo em Shanksville, na Pensilvânia. “Quinze anos podem parecer muito tempo, mas para as famílias que perderam um pedaço do seu coração naquele dia, imagino que pareça que foi ontem”, disse o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
Os ataques terroristas que mataram 2977 pessoas mudaram profundamente a maneira como os Estados Unidos se vêem a si próprios e encaram o resto do mundo. Mas numa curta declaração, em que fez um sentido elogio aos norte-americanos, o Presidente argumentou que, quinze anos depois, ainda reconhece no país “a mesma América de heróis que não hesitam a arriscar a vida para ajudar os outros, cidadãos comuns que enfrentam terroristas, famílias que na mais profunda dor conseguem vislumbrar esperança”.
“Não deixamos de ser o país onde olhamos uns pelos outros. Foi assim que respondemos ao terrorismo, e essa é a melhor resposta e a que mais importa”, declarou Obama.
No Pentágono, onde discursou ao lado do secretário da Defesa, Ash Carter, e do chefe das Forças Armadas, Joseph Dunford Jr., no jardim que foi construído como memorial para as 184 vítimas atingidas no Pentágono no dia 11 de Setembro, o Presidente vincou que a melhor forma da lembrar e celebrar aqueles que perderam a vida naquele dia é continuar a “viver sem medo”. “O maior tributo é assegurar que nos mantemos fiéis a nós próprios e àquilo que temos de melhor. Como americanos, não cedemos ao medo, nem deixamos que outros nos dividam”, sublinhou.
Em Nova Iorque, a cerimónia no agora chamado Ground Zero, outrora ocupado pelas Torres Gémeas, juntou os dois candidatos à presidência, Hillary Clinton e Donald Trump, que respeitaram o protocolo e se abstiveram de prestar declarações no local. O magnata do sector imobiliário agora voltado para o mundo da política foi aplaudido à chegada e posou para fotografias: com Donald Trump estava o antigo mayor de Nova Iorque, Rudy Giuliani, que liderou as operações no rescaldo dos atentados. “É nosso dever solene, em nome de todos os que morreram nestes ataques, trabalhar para manter o nosso país seguro contra um inimigo que procura destruir o nosso modo de vida”, considerou o candidato, numa nota publicada pela campanha.
A candidata do Partido Democrata, que era senadora do estado de Nova Iorque à data dos ataques, acompanhou as cerimónias ao lado do actual mayor, Bill de Blasio e do governador Andrew Cuomo, ambos do seu partido. “Nunca esqueceremos o horror daquele dia. Prestamos homenagem às vítimas, e também à coragem de todos os que vieram em seu auxílio”, disse a sua campanha, em comunicado. Hillary Clinton acabou por abandonar o local antes do fim da cerimónia, depois de se ter sentido mal com o calor, mas de acordo com os seus assessores recuperou quase de imediato.
A próxima aparição conjunta dos dois concorrentes à Casa Branca também acontecerá em Nova Iorque, na Universidade Hofstra, que acolherá o primeiro debate presidencial, a 26 de Setembro. A expectativa para o evento é imensa: além das críticas que se levantaram após o primeiro fórum televisivo entre os dois, na semana passada, por Trump nunca ter sido confrontado com as suas mentiras ou por Clinton ter sido obrigada a responder à mesma pergunta mais de três vezes, houve um novo incidente “diplomático” no fim-de-semana, com a campanha republicana a exigir que a democrata se retracte depois de ter descrito os apoiantes de Trump como racistas, homofóbicos e xenófobos.
A diplomacia está também no cerne de uma outra controvérsia política, que envolve o Congresso dos Estados Unidos e a Casa Branca, e que diz respeito à legislação que permite que vítimas de acções terroristas no país possam processar governos estrangeiros alegadamente implicados nos ataques. O Presidente Obama já prometeu vetar a Acta de Justiça contra os Apoiantes do Terrorismo, que tem em vista a acção contra a Arábia Saudita, de onde eram provenientes 15 dos 19 piratas do ar envolvidos nos atentados de 2001.
Essa é uma decisão que não agrada às chamadas famílias do 11 de Setembro, que estiveram no cerne dos esforços para a aprovação da legislação. No memorial do Pentágono, Abraham Scott, de 64 anos, que perdeu a mulher, explicava ao Los Angeles Times como as famílias das vítimas tinham trabalhado juntas para fazer lobby junto do Congresso e da Administração, para que as recomendações da chamada Comissão do 11 de Setembro fossem adoptadas – nomeadamente a que defendia a retirada da imunidade aos países que apoiam o terrorismo. “Não é uma questão de vingança ou de ódio, mas uma forma de honrarmos a memória [das vítimas]”, justificou.
Em Nova Iorque, Jeremy D’Amadeo, que discursou na cerimónia do Ground Zero, lembrou a angústia que sentiu com a morte do seu pai, funcionário de um banco de investimento no World Trade Center. Jeremy tinha dez anos em 2001; depois dos atentados, as suas férias eram passadas em campos de Verão organizados para as crianças órfãs do 11 de Setembro. Este ano, D’Amadeo foi trabalhar para outro campo de férias, estabelecido em resposta a outra tragédia: a do massacre na escola primária de Sandy Hook, onde 20 crianças foram abatidas a tiro. “Por vezes, as coisas terríveis que nos acontecem na vida acabam por nos deixar na posição de ajudar outras pessoas a quem acontecem coisas horríveis”, observou.