Homem está a fazer desaparecer os seus “parentes mais próximos”

Quatro das seis espécies de grandes símios estão em “perigo crítico” de extinção, de acordo com a mais recente lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza.

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Um gorila da montanha, espécie que hoje conta com apenas 880 exemplares Thomas Mukoya / Reuters

O maior gorila do planeta está “a um passo” da extinção, avisaram este domingo os responsáveis da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), durante o seu congresso internacional em Honolulu (Havai, EUA). Quatro das seis espécies de grandes símios estão hoje na categoria de “perigo crítico” na lista vermelha da UICN.

Para além do gorila oriental, estão perto da extinção o gorila ocidental, o orangotango do Bornéu e o orangotango de Sumatra. “É um dia triste porque a lista vermelha da UICN mostra que estamos prestes a fazer desaparecer alguns dos nossos parentes mais próximos”, disse a directora-geral da organização, Inger Andersen.

As causas são as mesmas de sempre. A guerra, a caça ilegal e a destruição dos habitats naturais. Segundo a UICN, o gorila oriental, originário da República Democrática do Congo, sofreu um “declínio catastrófico da sua população, reduzida mais de 70% em 20 anos”.

Uma das duas sub-espécies, o gorila de Grauer ou gorila das planícies orientais, passou de 16.900 espécimes em 1994 para apenas 3800 no ano passado. A outra sub-espécie, o gorila da montanha, conta com cerca de 880 exemplares.

“É verdadeiramente escandaloso que estejamos prestes de perder os nossos parentes mais próximo neste planeta”, disse à AFP o primatólogo John Robinson.

Panda em melhor estado

Mas nem tudo são más notícias para a biodiversidade. O panda gigante deixou finalmente de integrar a categoria de espécie “ameaçada”, mostrando que os esforços de conservação das últimas décadas valeram a pena. O animal originário da China tem hoje uma população superior a dois mil exemplares e passou a estar classificado como “vulnerável”.

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O panda gigante deixou de estar na categoria de espécie “ameaçada” Karen BLEIER/AFP

“Dados de uma série de inquéritos nacionais mostram que a anterior queda populacional foi travada e a população começou a aumentar”, escreve a UICN. “A melhoria do estatuto confirma que os esforços do governo chinês para conservar esta espécie são eficazes”, conclui o relatório.

Apesar das melhorias, a organização alerta para os perigos iminentes das alterações climáticas que podem ter efeitos profundos nas plantações de bambu — o alimento por excelência dos pandas. “Para proteger esta espécie icónica é imprescindível que as medidas eficazes de protecção da floresta sejam continuadas e que as ameaças emergentes sejam combatidas”, aconselha a UICN.

Outra espécie acarinhada em todo o mundo, o coala, viu a sua situação piorar nos últimos anos por causa da destruição do seu habitat, devido a incêndios e secas, e é hoje classificado como “vulnerável”.

Em Portugal, a grande preocupação continua a ser o lince ibérico, que continua integrado na categoria “em perigo” — a penúltima antes da “extinção em ambiente selvagem”. Em 2008 esta espécie estava em “perigo crítico”, mas os esforços de conservação travaram o declínio populacional. Segundo o último censo, existiam no início do ano 404 exemplares em ambiente selvagem.

A lista vermelha inclui 82.954 espécies de animais e plantas, das quais cerca de um terço estão ameaçadas, 68 extintas no estado selvagem e 855 desapareceram por completo.

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