Preços da habitação estão a subir em Portugal mas ainda são dos mais baixos da Europa
Estudo revela que Reino Unido, França, Itália e Espanha registam valores bem mais elevados do que os praticados em território nacional, o que torna o país mais atractivo para os investidores.
Os preços do imobiliário nacional têm vindo a subir nos últimos três anos, mas continuam muito longe dos países geograficamente mais próximos. Portugal ocupa a 30ª posição no universo de 38 países da Europa, facto que torna o país mais atractivo para o investimento estrangeiro.
Os dados, compilados pelo gabinete de estudos da APEMIP, a associação que representa as mediadoras imobiliárias, mostram que Portugal subiu cinco posições na tabela, entre 2013 a 2015, mas que ainda continua longe dos primeiros da lista. Nos lugares cimeiros estão, além do Mónaco, o Reino Unido e a França, os países que mais investimento atraem neste domínio e que também são os maiores compradores em Portugal.
O estudo da APEMIP, a que o PÚBLICO teve acesso, foi elaborado a partir dos preços médios por metro quadrado de imóveis com cerca de 120 metros quadrados (que corresponde um T2 espaçoso em Portugal), localizados nos centros das principais cidades europeias e disponibilizados pelo Property Guide, um site internacional que agrega informação destinada a investidores, como preços, rentabilidades, enquadramento fiscal, entre outros, e que agrega anúncios de imóveis para venda num universo alargado de países.
Subida de 12%
De acordo com o estudo, o preço médio da habitação em Portugal com aquela área e localização rondou em 2015 os 1963 euros por metro quadrado, quando se situava nos 1741 euros em 2013. Em valor, a subida supera os 12%.
A valorização está em linha com outros indicadores, como os dados recentes do índice de preços residenciais da Confidencial Imobiliário para Lisboa, que revelam uma subida de 11,9% em 2015 face a 2014. O índice de preços à habitação, do Instituto Nacional de Estatística, para todo o território nacional, revela uma subida superior a 7% entre 2013 e 2015.
Comentando os números do estudo, o presidente da APEMIP, Luís Lima, refere que “a valorização reflecte o potencial e a credibilidade do mercado imobiliário português”, considerando que “em termos comparativos com os restantes países, é natural que o preço médio seja inferior, uma vez que se adequa ao nível de vida e poder de compra dos cidadãos portugueses”.
O responsável não deixa de destacar que “tendo em conta a estabilidade do imobiliário nacional e o seu potencial de valorização, aliado ao preço por metro quadrado, continua a ser muito atractivo para captar investimento estrangeiro”.
O estudo da APEMIP mostra que o Mónaco apresenta os preços mais elevados, mas na segunda e terceira posição surge o Reino Unido, com valores médios de 25.575 euros e da França, com 13.639 euros por metro quadrado.
Face a 2013, os preços subiram quase 34% no Reino Unido. A forte subida dos preços do imobiliário britânico desde 2009, motivada essencialmente pela pressão da procura dos investidores estrangeiros, gera actualmente fortes preocupações, especialmente depois da vitória do “Brexit”. O receio de saída do país de grandes empresas, que levará ao esvaziamento de escritórios e habitações residenciais, está a gerar uma corrida ao resgate de participações em fundos de investimento imobiliário, obrigando as sociedades gestoras (neste momento já ascendem a sete) a suspender a sua negociação por falta de liquidez.
Em França, que este ano se tornou o maior comprador de casa em Portugal, destronando os ingleses, os preços caíram 7,1%, a que não é alheio o abrandamento das economias da zona euro, a crise da dívida e o maior agravamento fiscal.
Em Itália, que está em nono lugar, os preços também caíram, também pela crise económica e financeira dos últimos anos, passando de 6327 para 5930 euros. O mesmo se verificou em Espanha, que está na 15ª posição, onde o preço caiu de 4683 para 3442 euros. Neste país, para além da crise económica e da dívida soberana, o valor do imobiliário estava sobreavaliado. Fenómeno a que acresce um desajustamento entre a oferta e procura, o que gerou uma forte queda dos preços, tendência que ainda se mantém.
Boas oportunidades de investimento
A APEMIP destaca que a diferença de preços face aos seus concorrentes mais próximos (Espanha, Itália França e Reino Unido) e o facto de ser o único em que os valores estão a subir abre perspectivas de valorização interessantes ao investimento em Portugal, que pode beneficiar ainda de “boas oportunidades nos mercados de reabilitação urbana, arrendamento e turismo residencial”.
Para além dos preços, e como o PÚBLICO noticiou recentemente, o “Brexit” pode gerar um acréscimo de investimento estrangeiro em Portugal. Após o referendo no Reino Unido, há mais britânicos a querer saber como funciona o programa português de autorização de residência para investimentos (ARI), mais conhecido por vistos gold. Um mecanismos que, para além destas vantagens, permite a cidadãos fora da União Europeia circularem livremente pelo espaço Schengen, o que poderá levar alguns investidores internacionais a redireccionar as suas compras para Portugal.