Theresa May e Andrea Leadsom - uma delas será primeira-ministra do Reino Unido
O ministro da Justiça Michael Gove foi afastado da corrida. Reino Unido vai voltar a ter uma mulher na chefia do Governo após Margaret Thatcher.
O Reino Unido irá ter pela segunda vez na sua história uma mulher à frente do Governo. A liderança do Partido Conservador irá ser disputada por Theresa May e Andrea Leadsom. As duas candidatas recolheram mais votos na votação desta quinta-feira, que ditou o afastamento de Michael Gove.
O voto veio confirmar o favoritismo da ministra do Interior, Theresa May, que contou com o apoio de 199 deputados tories — mais do que os seus dois adversários conseguiram em conjunto. O resultado espelhou também a ordem de preferência manifestada nas duas primeiras rondas de votações. Na véspera, May e Leadsom tinham sido as duas mais votadas e era expectável que o ministro da Justiça Michael Gove acabasse por ser excluído. A decisão final está marcada para a próxima terça-feira.
Durante a tarde, ainda se chegou a antever que Gove pudesse assegurar apoio suficiente para ficar em segundo lugar. Alguns jornalistas avançaram a informação de que a campanha de Theresa May tinha estado a juntar deputados que a apoiam para votarem em Gove, de forma a evitar um confronto final com Leadsom, que é encarada pela ministra do Interior como uma candidata mais temível.
May é a grande favorita para suceder a David Cameron e encetar as negociações com a União Europeia referentes à saída do Reino Unido. A ministra fez uma campanha discreta a favor da manutenção, mas já garantiu que o resultado do referendo de 23 de Junho será respeitado. Porém, May, tal como Cameron, tem sugerido que o caminho até à saída deve ser feito sem pressas e objecto de muita negociação.
O derradeiro obstáculo entre May e o n.º 10 de Downing Street chama-se Andrea Leadsom, uma até agora pouco conhecida secretária de Estado que representa a linha mais entusiasta em relação ao "Brexit". O resultado do referendo foi descrito por Leadsom como "uma grande oportunidade". Quando lançou a sua candidatura à liderança dos conservadores, a secretária de Estado da Energia disse que pretende que as negociações entre o Reino Unido e Bruxelas sejam "o mais curtas possível" para que a saída se concretize rapidamente.
A antiga funcionária do Barclays passou a gozar de grande popularidade, especialmente depois de ter do seu lado o ex-mayor de Londres, Boris Johnson, cujo projecto de candidatura saiu furado quando Gove se adiantou. No entanto, assim que passou a estar na ribalta da política britânica, o percurso de Leadsom passou a estar sob maior escrutínio e o seu currículo começou a levantar dúvidas. Alguns dos seus antigos colegas no Barclays manifestaram desconfiança em relação ao papel que a própria diz ter tido quando por lá passou.
No currículo, a candidata diz ter gerido "enormes equipas" no banco e ter participado na gestão da crise que ditou o colapso do banco de investimento Barings, em 1995. Robert Stephens, um antigo colega, foi citado pelo The Times a dizer que Leadsom "não geriu qualquer equipa, grande ou pequena, e certamente não geriu qualquer fundo".
A secção de humor do Huffington Post não desperdiçou a oportunidade de ridicularizar a polémica e desenhou um currículo fictício de Leadsom, em que lhe é atribuída a descoberta da electricidade ou a autoria do golo da vitória inglesa na final do Campeonato do Mundo de 1966.