É na meia-maratona que Portugal centrará atenções nos Europeus de atletismo

Prova estreia-se no calendário continental e terá em Sara Moreira, Dulce Félix e Jéssica Augusto fortes candidatas.

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Sara Moreira Sergio Perez/Reuters

Arrancam hoje em Amesterdão, capital holandesa, disputando-se até domingo, os 23.ºs Campeonatos da Europa de atletismo, que pela segunda vez na história terão lugar em ano olímpico - após estreia em 2012 - , e nos quais Portugal participa com 33 atletas.                                                                        

Longe de ser das maiores delegações, Portugal tem sem dúvida uma equipa com fundadas esperanças de bons resultados, apesar de desequilibrada entre sectores, e deverá fazer melhor do que há dois anos, em Zurique, quando trouxe para casa apenas uma medalha, a de bronze na maratona feminina por Jéssica Augusto.                                                               

O principal foco pode estar, curiosamente, numa prova com tradição no atletismo mas que é pela primeira vez levada a cabo como parte integrante de um grande campeonato, continental ou mundial. Fala-se da meia-maratona, a qual terá, para além da disputa individual nos 21097m, também uma classificação colectiva denominada como Taça da Europa. E não sendo, a um mês dos Jogos Olímpico, proibitivo para quem vai fazer a maratona no Rio correr uma “Meia” competitiva um mês antes a FPA conseguiu montar uma equipa feminina que, em condições normais, pode ser a melhor da Europa- Sara Moreira, Ana Dulce Félix e Jéssica Augusto, estas as três futuras maratonistas olímpicas, mais Vanessa Fernandes e Marisa Barros, constituem a formação. Três atletas contam para  a classificação, com a modalidade da adição dos tempos das mesmas ditar a decisão.

Aliás, Sara Moreia e Ana Dulce Félix, acolitadas por Carla Salomé Rocha, serão as primeiras finalistas portuguesa a entrar em acção, hoje na final directa dos 10000m, e Sara, na base da forma que tem mostrado recentemente pode ser considerada uma das favoritas, tentando reeditar o sucesso de Ana Dulce Félix há quatro anos, em Helsínquia. As britânicas, nesta prova, serão ainda lideradas por Jo Pavey, aos quase 43 anos de idade, e depois haverá que contar com as francesas Christelle Daunay, a corrente campeã europeia da maratona, e Clémence Calvin, com a antiga campeã europeia de crosse irlandesa Fionnuala Britton-McCormack e decerto, sobretudo, com a turca Yasemin Can, aliás Vivian Jemutai, queniana que passou a poder representar a Turquia desde Março do ano passado e detém a melhor marca europeia do ano (mas 19ª mundial…) com 31m30,58s.

O que poderá valer Nelson Évora?

Obviamente muito do que Portugal possa esperar de Amsterdão depende de Nelson Évora no triplo salto. Ele vai tentar chegar ao único títulos dos três maiores que lhe falta, pois já foi campeã mundial em 2007 e olímpico em 2008, mas há dois anos em Zurique, em período de recuperação, apenas pôde acabar em sexto. O panorama está muito fraco na Europa na disciplina, com apenas dois saltadores de entre os inscritos a terem passado 17m este ano, o francês Harold Correa (17,08m) e o alemão Max Hess (17,06m). Dir-se -ia que um Évora a 90 por cento poerá chegar ao triunfo, mas o certo é que o benfiquista, em nove provas esta época, andou entre mínimos de 16,26m, no final Maio na Tala dos Campeões, e máximos de 16,89m, para o quarto lugar dos Mundiais k de pista coberta ,em Março. Mesmo o seu último meeting na Liga de Diamante, com 16,38m em Oslo, a 9 de Junho, esteve longe de se mostrar encorajador, mas de Évora espera-se sempre que reaja da melhor maneira no momento certo.

Também é no triplo, desta feita feminino, que Portugal poderá ter outras hipóteses de medalha. Para esta prova emerge, e na ausência das russas, apenas uma favorita, na figura da ucraniana Olha Saladukha, campeã nas duas últimas edições do certame. E isso apenas na base da sua qualidade, já que este ano não tem mais de 14,40m. Mas do lado nacional há duas atletas em muito boa forma, Susana Costa com 14,31m recentes, a apenas um centímetro do seu máximo pessoal, e Patrícia Mamona (medalha de prata em Helsínquia) com 14,53m com vento nos recentes Campeonatos de Portugal da Maia, acima mesmo do seu recorde nacional oficial.

A estafeta masculina de 4x100m tem potencial para correr bem abaixo de 39 segundos – recorde nacional de 38,65s o ano passado em Rieti, a 1 de Agosto- e chegar à final, e outra finalista mais que potencial é Marta Pen Freitas. A jovem meio fundista sagrou-se campeã universitária americana dos 1500m com 4m09,53s e em Barcelona, no último dia de Junho, pulverizou essa marca para 4m06,54s, mínimo olímpico. Será uma outsider.

De resto, tentar-se-á chegar a finais: Os restantes atletas portugueses serão: Masculinos: 100m Carlos Nacimento e Diogo Antunes; 200m: David Lima; 4x100m: os mesmos dos 100m mais Francis Obikwelu, Ancuiam Lopes e Arnaldo Abrantes; 1500m: Hélio Gomes; Meia Maratona: Rui Pedro Silva, Rui Pinto., Samuel Barata, José Moreira e Pedro ribeiro; vara: Diogo Ferreira; peso: Tsanko Arnaudov e Marco Fortes.

Femininos: 100 e 200m: Lorene Bazolo; 400m. Cátia Azevedo; 4x400m: Cátia Azevedo mais Fillipa Martins, Dorothe Évora, Vera Barbosa e Rivinilda Mentai; 400m. barreiras: Vera Barbosa; vara: Marta Onofre; disco: Irina Rodrigues.

Rússia ausente, Schippers nos 100m

Com a Rússia, maior potência europeia, ausente na sequência do processo anti-doping gerido pela IAAR, o certame perde muito. Mas isso não retira entusiamo aos holandeses, que a espaços “redescobrem” o atletismo como um dos grandes desportos nacionais, atrás dos intocáveis patinagem de velocidade no gelo, futebol e hóquei em campo.

Dafne Schippers é aguardada como a grande figura do certame, e a holandesa não enjeita a possibilidade de obter títulos continentais em casa, mesmo a um mês dos ogos do Rio em que aposta tudo na quebra da supremacia das jamaicanas e americanas na velocidade. Schippers, campeã há dois anos em 100 e 200m, no entanto só fará o hectómetro desta, e salvo qualquer facto estranho será campeã da Europa, como o deverá ser o francês Jimmy Vicaut no sector masculino. Posto isto, Schippers também não deverá enjeitar uma ida aos 4x100m se se verificar que a Holanda aí também pode ganhar qualquer coisa, e isso é uma forte probabilidade.

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