Fed mantém taxas mas continua a prever duas subidas em 2016

Janet Yellen decide esperar por resultado do referendo britânico e por novos dados relativos ao mercado de trabalho.

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Janet Yellen acredita numa recuperação na criação de emprego Alex Wong/AFP

A Reserva Federal norte-americana decidiu seguir aquilo que eram as expectativas dos mercados e adiou mais uma vez uma mudança nas suas principais taxas de juro de referência, mantendo ainda assim a expectativa de que duas subidas possam ainda ocorrer durante este ano. A instituição liderada por Janet Yellen faz assim um novo compasso de espera no processo de normalização da sua política monetária numa altura em que os dados mais recentes relativos ao emprego e a realização do referendo no Reino Unido criam novas dúvidas em relação à sustentabilidade da retoma económica nos Estados Unidos.

No anúncio que fez esta quarta-feira aos mercados, a Fed revelou que as taxas se irão manter no intervalo situado entre os 0,25% e os 0,50% durante pelo menos mais um mês. Em simultâneo, reviu em baixa ligeira as suas projecções para a evolução da economia, confirmando que os últimos indicadores trouxeram menos optimismo em relação à forma como irá evoluir a actividade e o mercado de trabalho.

“O ritmo de melhoria no mercado de trabalho abrandou”, afirmou a Reserva Federal em comunicado, apontando para um crescimento da economia com previsões que não ultrapassam os 2% durante os próximos anos.

Ainda assim, a Fed continua a apontar para a possibilidade de serem feitas até ao final de 2016 mais duas subidas de taxas, de 0,25 pontos percentuais cada. Janet Yellen e os seus pares acreditam que “a actividade económica se irá expandir a um ritmo moderado e os indicadores do mercado de trabalho irão fortalecer-se”.

Quando, no passado mês de Dezembro, realizou a sua primeira subida de taxas de juro dos últimos nove anos, a autoridade monetária dos Estados Unidos deixou sinais de que, no decorrer de 2016, planeava realizar quatro subidas das taxas de juro, à medida que a economia e o mercado de trabalho fossem estabilizando. No entanto, a incerteza vivida nos mercados emergentes começou logo por adiar uma decisão nesse sentido durante os primeiros meses do ano.

Mais recentemente, a subida do voto favorável a uma saída do Reino Unido da União Europeia tem sido vista como um motivo para ser mais cauteloso na subida das taxas. Janet Yellen e outros responsáveis da Fed têm afirmado em diversas ocasiões que um Brexit poderia ter consequências económicas muito significativas à escala global.

A completar o leque de obstáculos a uma nova subida de taxas surgem igualmente os dados mais negativos do mercado de trabalho nos Estados Unidos, que, apesar da taxa de desemprego estar já abaixo dos 5%, continuam a não dar certezas de uma retoma sustentável. Em Maio, registou-se o ritmo mais lento dos últimos seis anos na criação de novos postos de trabalho, algo que contribuiu em muito para alterar os planos da Fed.

Agora, a dúvida nos mercados é a de saber se, até à próxima reunião da Fed, agendada para Julho, os entraves a uma nova subida das taxas desaparecem. A aposta entre os analistas inquiridos pela Reuters é a de que, se os dados do emprego de Junho mostrarem que as más notícias de Maio foram apenas um pequeno acidente de percurso, a Fed irá optar por uma mexida já em Julho. No entanto, o resultado do referendo no Reino Unido e a respectiva reacção dos mercados será sempre determinante para essa decisão.

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