Piloto ucraniana libertada em troca de prisioneiros entre Kiev e Moscovo
Depois de Savchenko, o Presidente Petro Poroshenko promete “recuperar a Crimeia e o Leste” da Ucrânia.
A piloto ucraniana Nadia Savchenko, considerada uma heroína no seu país e presa na Rússia, foi libertada numa troca de prisioneiros entre Kiev e Moscovo. “Da mesma forma que conseguimos recuperar Nadia, vamos recuperar Donbass [zona histórica do Leste da Ucrânia] e a Crimeia”, a península anexada pelos russos, prometeu o Presidente, Petro Poroshenko, na cerimónia em que condecorou a jovem militar.
A libertação de Savchenko foi descrita por Poroshenko como “a nossa vitória comum”, um primeiro passo para libertar outros ucranianos detidos na Rússia, garantiu. “A Ucrânia tem direito a existir, apesar da alma podre de uma certa pessoas e da sua cabeça doente”, afirmou, por seu turno, a piloto, numa referência ao Presidente russo, Vladimir Putin.
Em Março, Savchenko tinha sido condenada na Rússia a 22 anos de prisão, por ter sido cúmplice na morte de dois jornalistas russos no Leste da Ucrânia, em Junho de 2014. O processo, que já levava seis meses, terminou em confusão total, depois de Savchenko ter começado a cantar o hino da Ucrânia, abafando a voz do juiz que a declarou culpada.
O Presidente ucraniano prometera fazer “todos os possíveis” para que Savchenko voltasse ao país, tendo falado uma possível troca de prisioneiros com Moscovo. “Estou pronto para transferir para a Rússia dois soldados russos detidos no nosso território, após terem participado numa agressão militar contra a Ucrânia”, disse Poroshenko, numa declaração divulgada após Savchenko ter sido condenada pelo tribunal russo.
Os dois soldados a que Poroshenko se referia são Evgeni Erofeev e Alexander Alexandrov, apresentados por Kiev como agentes dos serviços secretos russos, detidos no Leste da Ucrânia depois de serem acusados de combater ao lado dos rebeldes pró-Rússia contra o Exército ucraniano. "Eles já não se encontram na Ucrânia, o que significa que a amnistia foi aprovada. Já atravessaram a fronteira", disse à AFP Oxana Sokolovska, advogada de Erofeev.
Em 2014, Savchenko juntou-se aos movimentos que pedia e conseguiu a queda do Presidente pró-russo Viktor Ianukovich. Quando começou a guerra no Leste da Ucrânia, pediu para ser mobilizada para a região; como isso não aconteceu, foi “de férias” para a guerra. Alguns consideram que desertou para se juntar ao batalhão de voluntários Aidar, uma unidade que a Amnistia Internacional acusa de crimes de guerra.
Savchenko diz ter sido “raptada” a 17 de Junho de 2014, em Lugansk, bastião dos rebeldes pró-russos. Nesse cenário, não poderia ter estado envolvida na morte dos jornalistas – a acusação diz que só foi detida alguns dias mais tarde e que foi ela a dar à artilharia ucraniana a posição dos repórteres.
Eleita simbolicamente deputada na Ucrânia, cumpriu uma longa greve de fome, avisando Moscovo que a escolha era devolvê-la “viva ou morta”.