Ucrânia e Rússia preparam-se para troca de prisioneiros
Depois de dois soldados russos terem sido condenados na Ucrânia, Petro Poroshenko iniciou as conversações com Vladimir Putin para que Nadejda Savchenko, piloto ucraniana condenada a 22 anos de prisão na Rússia, regresse ao país.
O Presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, afirmou esta terça-feira que poderá ter chegado a um acordo com o Presidente russo, Vladimir Putin, para a libertação da piloto ucraniana Nadejda Savchenko, condenada o mês passado a uma pena de prisão de 22 anos na Rússia.
Quando foi conhecida a sentença de Savcheko, a 22 de Março, o Presidente ucraniano manifestou a intenção de proceder imediatamente a uma troca de prisioneiros com a Rússia, afirmando que estava disponível para devolver “dois soldados russos” detidos na Ucrânia, acusados de combaterem ao lado dos rebeldes pró-Rússia do Leste contra o Exército ucraniano e de preparem "actos terroristas" no país.
Estes dois soldados, Evgeni Erofeev e Alexander Alexandrov, foram condenados na segunda-feira por um tribunal ucraniano a 14 anos de prisão no país. Esta sentença terá acelerado as conversações entre Putin e Poroshenko.
“Ontem [segunda-feira], iniciei uma conversação com Putin, e com base nos preparativos preliminares parece-me que conseguimos chegar a um determinado algoritmo para libertar a Nadejda”, afirmou Poroshenko numa conferência de imprensa.
A sentença dos soldados russos “abriu determinados possibilidades para iniciar a troca [de prisioneiros]”, apesar de não existirem ainda datas concretas para que tal aconteça. “Recomendo que não haja especulação relativamente a um prazo para o retorno ou para etapas futuras”, acrescentou Poroshenko.
Na Ucrânia, Savchenko é vista como uma heroína nacional e um símbolo da resistência contra a ocupação russa da Península da Crimeia, o que aconteceu em Março de 2014. No entanto, na Rússia é vista como uma fervorosa nacionalista responsável pela morte de dois jornalistas russos.
A piloto ucraniana de 34 foi condenada a 22 anos de prisão pelo seu envolvimento num ataque no Leste da Ucrânia, onde dois jornalistas da TV estatal russa foram assassinados, e por ter entrado na Rússia ilegalmente. Existem, no entanto, duas versões diferentes da história: Savchenko afirma ter sido capturada por rebeldes pró-Rússia em Lugansk, no dia 18 de Junho de 2014, enquanto as autoridades russas reiteram que a piloto não foi capturada na Ucrânia, mas sim na Rússia, em Julho, quando tentava entrar no país fazendo-se passar por requerente de asilo.
O julgamento da piloto e a respectiva sentença estiveram envoltos em polémica, sendo o caso bastante criticado, não só pela Ucrânia que o considerou uma “farsa”, mas também por vários países ocidentais. A própria Savchenko, que nunca reconheceu as acusações que lhe foram feitas, desafiou o poder russo e exigiu ser enviada para a Ucrânia, uma vez que não aceita a pena de um tribunal russo. Nesta luta, fez várias greves de fome, o que debilitou bastante o seu estado de saúde.