Uma aventura no trânsito

Fiz 23 quilómetros em 40 minutos. Há dias piores.

Fila compacta e lenta. Trânsito difícil. A marcha dos taxistas está na Avenida de Berlim, oiço na rádio. Eu estou a sair da garagem, em Oeiras. São 10h01. Destino: aeroporto ou 'olho do furacão', no momento em que lá estiver a chegar. Mas agora ainda não sei disso. Para já tenho três horas até ao meu voo, o que me permite arriscar fazer a viagem pela Segunda Circular. Tenho tempo, penso. E se correr mal, sempre posso escrever sobre isso.

Em oito minutos cheguei à CRIL, vinda da A5. Circulação normal. O único táxi avistado ia mais rápido do que eu e ocupado. À chegada à zona de Pina Manique um susto: os carros abrandavam todos como se estivessem em fila compacta e lenta, tal e qual relatou a rádio. Mas não. Era um "obstáculo (bus) na via central", conforme anunciado num painel luminoso. O susto passou depressa. E a Segunda Circular não podia estar mais limpa.

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À passagem pelo Estádio da Luz, onze minutos depois de iniciar viagem, quinze quilómetros percorridos, parecia fim-de-semana. Eu já só pensava que eram 10h12 e o meu voo era às 13h. Depressa avistei a torre do aeroporto. Escolhi entrar pelas chegadas porque tinha ouvido falar na Rotunda do Relógio como uma zona de passagem dos taxistas. Assim, saí para a Avenida Cidade de Porto (segundo o GPS).

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Eram 10h19. O semáforo do final da rua, a uns 200 metros do Terminal 1, estava vermelho. Parei. O sol matinal, intenso, obrigou-me a abrir o vidro. Logo ouvi uma frase impactante: "Ah, os táxis estão a passar por ali!" Será? Saí do carro para fotografar. Eram mesmo eles com as bandeiras de fora, quase parados. Pior, a polícia não deixava que ninguém interrompesse a marcha lenta, pelo que todos os carros eram desviados para a Avenida de Berlim.

Passaram onze minutos. Começaram as apitadelas e a impaciência. O sol não ajudava. Treze minutos para fazer 400 metros é minimamente chato. Vários automobilistas saíram dos carros para perguntar à polícia como fazer para aceder ao aeroporto. Fácil: "A entrada da Rotunda do Relógio está livre". Depois de entrar na Avenida de Berlim foi, de facto, uma rapidez. Às 10h41 estacionei junto ao Terminal VIP à espera de um serviço de valet parking que só chegará às 11h30. Passei pela fila compacta e lenta dos manifestantes anti-Uber e mesmo assim fiz 23 quilómetros em 40 minutos. Há dias piores.

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