Equador conta 480 mortos e quatro mil feridos no terceiro dia depois do sismo

Esgota-se a melhor janela de oportunidade para encontrar pessoas com vida entre os escombros. Há mais de 200 pessoas desaparecidas.

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Um socorrista em Jama, uma das cidades atingidas pelo sismo na zona costeira do Equador Juan Cevallos/AFP

O número de mortos causado pelo grande sismo que atingiu a zona ocidental do Equador na noite de sábado aumentou nas últimas 24 horas e esta terça-feira contavam-se já 480 vítimas, segundo afirmou fonte governamental ao El País. O número de feridos anda agora por volta das 4000 pessoas e estima-se que pelo menos 231 pessoas estejam desaparecidas.

Estes são os números das mais recentes estatísticas lançadas pelo Governo equatoriano, divulgadas ao início da tarde desta terça-feira, hora local. Vive-se o terceiro dia de buscas depois do grande sismo de 7,8 pontos na escala de Richter, o que significa que a melhor janela de oportunidade para se encontrar sobreviventes está prestes a fechar-se — depois das primeiras 72 horas, a probabilidade de encontrar alguém com vida entre os escombros cai significativamente.

“O meu primo disse que conseguia ouvir pessoas a gritar até o dia de ontem”, conta Tito Torres, desde a cidade costeira de Pedernales, que o terramoto arrasou quase por completo. Segundo este filho de merceeiros de Quito, a capital, os sobreviventes têm assaltado a semi-destruída loja dos pais para encontrarem o que comer. “Isto é terrível”, disse à Reuters.

O Equador recebeu mais de 400 especialistas estrangeiros em resgates esta terça-feira, vindos sobretudo de países vizinhos na América Latina. A agência de protecção dos refugiados das Nações Unidas (ACNUR) prepara um voo com assistência humanitária e bens de primeira necessidade que deve partir de Copenhaga nas próximas 48 horas, juntando-se assim a organizações humanitárias como a Cruz Vermelha e Médicos Sem Fronteiras, já no terreno.

Há mais de 20 mil pessoas desalojadas, muitas acolhidas em estádios de futebol. De acordo com as estimativas do órgão de gestão de crise equatoriano, citadas pelo El País, mais de 800 edifícios ficaram destruídos e mais de 600 estruturas estão agora instáveis ou danificadas. Cerca de 140 escolas ficaram afectadas pelo abalo, o maior das últimas décadas — há registo de um outro sismo semelhante, em 1979, com magnitude de 7,7 pontos na escala de Richter, que matou mais de 600 pessoas.

Para além do desastre humanitário, há consequências económicas graves para a economia equatoriana. O Presidente, Rafael Correa, estima que o terramoto da noite de sábado tenha causado entre dois a três mil milhões de dólares em estragos, o que corresponde a 2 ou 3% da riqueza produzida anualmente pelo país. O Equador sofria já com a queda nos preços do petróleo: previa-se uma estagnação económica para este ano.

“Não nos vamos iludir, será uma luta prolongada”, disse esta terça-feira Rafael Correa. “A reconstrução demorará anos e custará milhares de milhões em investimento”, acrescentou. 

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