Os sismos no Japão e no Equador estão relacionados? Especialistas dizem que não
Apesar de serem fenómenos separados, os sismólogos alertam para as consequências do ressurgimento da actividade sísmica.
A série de sismos que abalaram, nos últimos dias, o sudoeste do Japão, a Ásia e o Equador não estão directamente relacionados, consideram os sismólogos. No entanto, o ressurgimento da actividade sísmica aumenta a angústia de poder ocorrer, em qualquer parte do mundo, um terramoto sem precedentes, particularmente ao longo da costa sul do arquipélago japonês.
Existe uma ligação entre os recentes sismos no Japão, no Equador, no Paquistão e em Taiwan, e poderão eles ser precursores de um “megaterramoto”?
Embora tenham ocorrido recentemente vários terramotos em diferentes partes do “Anel de Fogo do Pacífico”, os especialistas concordam que eles não estão necessariamente ligados.
No entanto, os recentes sismos registados num país [Japão] que sofreu 20 % dos terramotos mais violentos do mundo estão a ser considerados uma forma de avaliar a probabilidade da ocorrência de um “megaterramoto” ao longo da costa sul do arquipélago (de Nankai) até Tóquio.
Tal acontecimento pode ocorrer a qualquer momento e poderá gerar um enorme tsunami e matar até 320 mil pessoas no Japão, destruir 2,4 milhões de casas e obrigar à evacuação de 9,5 milhões de habitantes, segundo as estimativas do Governo japonês.
A probabilidade de um “megaterramoto” é classificada pelas autoridades japonesas em 60 a 70 % nos próximos 30 anos (20 % nos próximos dez).
Como se explica a recente sucessão de terramotos no sudoeste do Japão ?
Os sismólogos da agência de meteorologia japonesa e outros especialistas consideram que duas falhas activas (Futagawa e Hinagu) ocorridas no meio da ilha de Kyushu são responsáveis pelos recentes sismos no país. Forças dos dois lados dessas falhas tendem a separar as partes norte e sul da área de Kumamoto, e os epicentros dos dois sismos ocorreram ao longo destas falhas ou da sua confluência.
“O terramoto na noite de sexta-feira para sábado foi o principal, e o na noite anterior, de menor magnitude, foi um prenúncio”, afirmou à AFP Naoshi Hirata, presidente da comissão nacional para o estudo dos terramotos.
A frequência dos tremores de terra é considerado impressionante (mais de 540 entre quinta-feira e segunda-feira) e um alívio após o primeiro terramoto não prenunciava um segundo mais forte.
Em 11 de Março de 2011, o terramoto de magnitude 9 ao longo da costa nordeste do Japão, que levou a um tsunami que matou mais de 19 mil pessoas, foi precedido dois dias antes por um de magnitude 7,3.
Devemos temer uma extensão para outras falhas ?
Os sismólogos da agência de meteorologia japonesa insistiram no domingo no facto de que foi observado, efectivamente, “um aumento da actividade sísmica no sudoeste”, sem especificar em que parte de Kyushu.
“Por vezes, durante os terramotos, descobrimos a existência de falhas activas que não conhecíamos até então”, afirmou fonte da comissão governamental japonesa à AFP.
“Quando ocorre um terramoto, isso irá criar tensões em outras falhas vizinhas e isso tende a gerar outros movimentos telúricos, mas, seja no Japão ou em outro lugar qualquer, ainda é impossível prever terramotos, nomeadamente porque os mecanismos não são totalmente conhecidos”, sublinha Yoshihisa Iio, chefe do centro de investigação sísmica da Universidade de Quioto.
As autoridades decidiram que não era necessário desligar os dois reactores da Central de Sendai, os únicos em funcionamento. Porquê?
Os especialistas de uma comissão do Governo para estudos sísmicos consideram que os abalos que se sentiram no local permanecem inferiores aos que a central é capaz de suportar. Esta não está construída verticalmente a nenhuma das falhas registadas e está a uma distância de pelo menos 30 quilómetros, insistiu a autoridade nuclear japonesa.
“Nesta fase, esta não é uma questão de segurança”, afirmou na segunda-feira o presidente dessa instância de regulação, Shunichi Tanaka.
No entanto, dada a intensidade sísmica na região nos últimos dias, várias vozes exigem que seja aplicado um princípio de precaução para prever o que possa acontecer nos próximos dias. A agência de meteorologia alertou que fortes tremores de terra podem ocorrer, pelo menos, nas próximas semanas.