Presidente Park Geun-hye perde maioria parlamentar na Coreia do Sul
Resultados preliminares mostram que sul-coreanos penalizaram o Governo por causa da economia.
O partido Saenuri da Presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, falhou o seu objectivo de conquistar uma nova maioria absoluta nas eleições legislativas desta quarta-feira: com cerca de 70% dos votos já escrutinados, os conservadores tinham assegurado 125 dos 300 lugares do Parlamento, seguidos de perto pelo partido Minjoo, o maior grupo de oposição, que conquistou 119 assentos na Assembleia Nacional.
“O partido Saenuri aceita humildemente os resultados da eleição. Não soubemos ler o pensamento do eleitorado, que se mostrou desiludido”, reagiu em comunicado o partido no poder, que segundo todas as previsões deveria manter a sua (parca) maioria legislativa.
A confirmar-se a distribuição dos lugares no Parlamento, prenunciam-se maiores dificuldades para o Governo de Park Geun-hye, cujas propostas legislativas para reformas económicas e laborais (bastante impopulares) têm empancado na Assembleia Nacional, apesar da maioria da bancada conservadora. A legislatura que agora termina foi a menos produtiva de sempre: um estudo do Korea Economic Research Institute demonstrou que, em média, o Parlamento demorou 517 dias para aprovar cada uma das leis produzidas durante os seus quatro anos de vigência.
A campanha eleitoral foi dominada pelas questões económicas, e o descontentamento com o aumento da taxa de desemprego, principalmente entre os mais jovens, para o nível mais alto das últimas duas décadas. Para além da desaceleração do crescimento e as preocupações com o excessivo endividamento das famílias, outras questões polémicas explicam a penalização nas urnas do partido da Presidente, entre as quais a percepção de um maior autoritarismo do Governo na sua reacção a críticos, opositores e dissidentes políticos.
De acordo com os analistas, a linha dura que tem sido mantida por Park Geun-hye no relacionamento com a vizinha Coreia do Norte – que no início do ano cortou todos os laços económicos com Pyongyang na sequência de um ensaio nuclear do regime de Kim Jong-un – merece o apoio da opinião pública, mas não constituiu um factor distintivo na eleição legislativa.
Os resultados decepcionantes do Saenuri também fazem prever maiores dificuldades para os conservadores reterem a Presidência na votação de 2017: a Coreia do Sul tem um sistema presidencial forte, e uma limitação de apenas um mandato de cinco anos para o cargo de chefe de Estado. Nos 20 meses de mandato que ainda lhe restam, Park dificilmente conseguirá concretizar a “transformação” do modelo económico do país que prometeu quando alcançou a Presidência, em 2012.