Motas vão poder circular em três faixas bus de Lisboa

O CDS, que há um ano levou a proposta à câmara, diz que "é poucochinho" e critica falta de "elegância política".

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Entrada em vigor do aumento dos preços dos passes e dos bilhetes foi adiado para Fevereiro Foto: Miguel Madeira

A Câmara de Lisboa quer abrir três faixas bus à circulação de motociclos e ciclomotores, num projecto piloto com a duração de seis meses que poderá depois ser alargado a toda a cidade. O CDS congratula-se com a iniciativa mas acusa o executivo municipal de falta de “elegância política”.    

A Avenida Calouste Gulbenkian, a Avenida de Berna (entre a Praça de Espanha e o Largo Azeredo Perdigão) e a Rua Braamcamp (entre a Rua Rodrigo da Fonseca e a Rua Duque de Palmela) são as vias escolhidas. Uma escolha que, segundo se diz na proposta assinada pelos vereadores Manuel Salgado e Carlos Castro, teve em conta “critérios de segurança na circulação, fluidez de tráfego e a ligação entre pontos de atracção, zonas residenciais, polos de emprego, redes de transporte público e interfaces”.

A proposta da câmara é que, durante um período de 180 dias, os motociclos e ciclomotores possam circular naqueles três corredores, até aqui reservados a táxis e autocarros. Caso este teste seja “bem sucedido”, admitem Manuel Salgado e Carlos Castro na proposta à qual o PÚBLICO teve acesso, ele “poderá ser alargado ao resto da cidade”.

Num memorando da Direcção Municipal de Mobilidade e Transportes explica-se que a ideia deste projecto piloto é “avaliar os impactos” da medida, “pelo que será feita uma avaliação antes e depois da implementação da mesma, bem como a sua monitorização ao longo do período de avaliação”. No mesmo documento destaca-se que com esta iniciativa se irá “implementar um novo corredor bus na Rua Braamcamp, o qual beneficiará a circulação dos autocarros da Carris num ponto crítico de actual estrangulamento da sua rede”.

A possibilidade de se passar a permitir a circulação de motociclos e ciclomotores nos corredores bus da capital tinha sido discutida pela câmara em Fevereiro de 2015, por iniciativa do CDS. Na altura, o vereador João Gonçalves Pereira apresentou uma proposta (que foi aprovada por unanimidade) na qual defendia os benefícios da medida e propunha que os serviços municipais elaborassem, no prazo de seis meses, um estudo sobre a sua viabilidade.

Mais de um ano volvido, o vereador congratula-se com “o apoio da câmara à iniciativa do CDS”, mas critica aquilo que considera ser falta de “elegância política”. “Devia ter havido a cortesia, a elegância de pedir o contributo do CDS, eventualmente até para a redacção e subscrição do texto”, diz João Gonçalves Pereira, lembrando que foi ele o autor da proposta que esteve na base daquela que vai agora ser discutida.

Quanto ao projecto piloto, o autarca afirma que aquilo que vai ser feito “é poucochinho”. “A câmara podia ter tido outra ambição, ainda por cima tendo demorado tanto tempo a pôr a iniciativa em prática”, critica, defendendo que deveriam ser mais as faixas bus abrangidas pela experiência.

Já conhecida é a oposição da ANTRAL [Associação Nacional dos Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros] e da Carris a este projecto.

Num parecer enviado à câmara, a associação que representa um conjunto de taxistas defende que a abertura das faixas bus a motociclos vai “inviabilizar o fim que esteve na origem da sua criação” e apela ao “bom senso” do município para que não concretize essa medida. Por sua vez a Carris fala num projecto “penalizador da velocidade comercial do transporte público”.

Ambas as entidades pronunciaram-se igualmente contra uma outra hipótese levantada pela câmara: a de no futuro também as bicicletas poderem circular nas faixas bus. Essa possibilidade é também rejeitada pela Federação Portuguesa do Táxi, que dá conta do seu “total e absoluto repúdio sobre tal pretensão”.  

 

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