O grupo Jerónimo Martins investiu um milhão de euros numa nova empresa agro-alimentar de produção de carne de bovino da raça angus. A empresa, dona do Pingo Doce, tem planos para reforçar o investimento no sector, com a abertura de uma fábrica de leite, manteiga e natas e a entrada no negócio da aquacultura.

A produção de carne angus era um desejo várias vezes manifestado por Alexandre Soares dos Santos quando era presidente da companhia. Pedro Soares dos Santos, actual presidente executivo, anunciou nesta quinta-feira que foi feito em 2015 um investimento de um milhão de euros na produção de mil cabeças de gado bovino, em Barcelos. Este negócio é encabeçado pela Best Farmer, criada especificamente para a produção de bovino e inserida na Jerónimo Martins Agro-alimentar. O grupo avançou para a produção de alimentos para "protecção do abastecimento de produtos estratégicos".

A carne de angus produzida na exploração chega esta semana à rede de supermercados Pingo Doce. "Claramente há uma lacuna de fornecedores neste país. Há uma falta de estrutura para abastecer esta carne ao Pingo Doce. E para ir ao encontro do consumidor, vimo-nos obrigados a fazer este investimento", disse Pedro Soares dos Santos.

A cadeia da Jerónimo Martins obtém 84% dos seus produtos junto de fornecedores locais, mas na Polónia e na Colômbia (onde tem, respectivamente, 2667 e 140 lojas) esta percentagem ultrapassa os 90%. O presidente executivo justifica a diferença com a dimensão do país. "Em Portugal há menos capacidade de alguns produtores se organizarem", disse, lembrando que a Polónia tem 40 milhões de habitantes e a Colômbia 50 milhões. "Encontrar alternativas é mais fácil", disse.

Nos planos da Jerónimo Martins está ainda um novo um investimento na aquacultura, sector onde o grupo "tem um plano de trabalho", afirmou Pedro Soares dos Santos, sem adiantar mais detalhes.

Outro investimento em curso é na fábrica de manteiga, natas e leite em Portalegre, na sequência da aquisição da Serraleite. Em causa estão 25 milhões de euros, que aguardam por autorizações e licenças. "Já fizemos o investimento e as compras necessárias. Estamos à espera que a burocracia ajude", sublinhou. A compra por trespasse da Serraleite foi autorizada pela Autoridade da Concorrência em Março do ano passado. O negócio deu à Jerónimo Martins Lacticínios a gestão e a exploração da fábrica detida pela cooperativa de Portalegre. Com a construção de raiz de uma nova unidade, a intenção é triplicar em 2017 a produção actual para 90 milhões de litros e fabricar manteiga e natas.