PCP acusa Governo PS de "salvação da privatização" da TAP
Comunistas dizem que solução encontrada “não corresponde às necessidades do país”.
O PCP acusou neste sábado o executivo do socialista António Costa de "salvação da privatização" da transportadora aérea TAP, prometendo insistir nas suas iniciativas legislativas no Parlamento, além de apelar à luta dos trabalhadores pelo controlo público da empresa.
"O que o Governo do PS veio agora anunciar foi a salvação da privatização, num negócio de contornos pouco claros, onde o actual Governo do PS assume a manutenção de 50% do capital nas mãos do Estado mas abdica da gestão para o grupo económico em causa. Esta solução não corresponde às necessidades do país nem acautela o futuro da TAP e da soberania nacional", lê-se em comunicado dos comunistas.
Para o PCP, "o que se exigia era a pura e simples anulação do que era nulo, expulsando da TAP o grupo monopolista que tomou conta da empresa e que o Governo PSD/CDS lá meteu ilegalmente".
O Governo vai pagar ao consórcio Gateway 1,9 milhões de euros para o Estado ficar com 50%, em vez de 34%, das acções da transportadora aérea, podendo escolher o presidente do conselho de administração, que passa a ter voto de qualidade.
Prometendo "o mais apertado escrutínio à forma como esse controlo público é exercido", os dirigentes comunistas alertam que "os riscos de destruição da TAP advêm exactamente da sua gestão privada, na medida em que o grupo TAP tende a ser colocado ao serviço de uma estratégia que lhe é alheia".
Este novo acordo altera a decisão tomada pelo anterior executivo que, em Novembro do ano passado, assinou um acordo de venda directa de 61% do capital da TAP aos empresários Humberto Pedrosa (grupo Barraqueiro) e o norte-americano David Neelman (Azul Linhas Aéreas Brasileiras), que agora ficam com 45%, podendo chegar aos 50%, com a aquisição do capital à disposição dos trabalhadores.
Num texto com várias "farpas" ao elenco liderado por Costa, o PCP, "criticando o Governo por esta opção errada e perigosa para o país, exige que seja revelada toda a informação em torno deste processo", designadamente através de um "requerimento na Assembleia da República para que toda a documentação relevante sobre este negócio seja enviada aos grupos parlamentares".
"O PCP, face a mais uma medida que não rompe com um longo e acidentado percurso no qual sucessivos governos foram tomando decisões que ameaçaram e limitaram o desenvolvimento da TAP, apela aos trabalhadores da empresa para que reforçarem a sua unidade e luta, em defesa da TAP."