Alegre critica “candidatos messiânicos” e avisa PS para não cometer erros do passado

Ex-candidato presidencial fala de Ramalho Eanes para dizer que Maria de Belém “é um general” e que tal como ele cumpriu os escalões todos.

Fotogaleria
Adriano Miranda
Fotogaleria
Adriano Miranda
Fotogaleria
Adriano Miranda
Fotogaleria
Adriano Miranda
Fotogaleria
Adriano Miranda
Fotogaleria
Adriano Miranda

Manuel Alegre desferiu esta sexta-feira à noite um violento ataque a Sampaio da Nóvoa, afirmando que “nós não precisamos de candidatos messiânicos, nem de salvadores, precisamos de alguém que tenha uma interpretação correcta da Constituição, que sinta a Constituição, que tenha feito da Constituição o seu programa e que não crie ilusões sobre o que é o papel do Presidente da República”.

Em Santo Tirso, num jantar com cerca de 300 apoiantes, o presidente da Comissão de Honra de Maria de Belém foi demolidor para com o ex-reitor da Universidade de Lisboa, criticando-o por “atacar os partidos e fazer campanha apoiado pelas estruturas do PS". "Eu já vi este filme, já vi o PS a apoiar um candidato independente [Ramalho Eanes] e acabou por formar um partido [PRD] contra o PS”, atirou. “Não devemos repetir os erros do passado”. Estava dado o recado.

“[Nesta campanha] também se fala muito de generais e soldados. O meu caro amigo, estimado e respeitado general Ramalho Eanes, chegou a general, mas foi cadete, tenente, capitão, major, por aí acima até general e não é marechal porque não quis ser nomeado", elencou Alegre. E prosseguiu: "Maria de Belém também fez todos os escalões, também foi cadete de militância, também foi tenente, major até chegar a general. Hoje é um general, mas são 40 anos de vida política, 40 anos de militância, não é um general de aviário, não apareceu agora”, declarou, recebendo um grande aplauso.

Alegre aludiu depois ao facto de a direcção do partido ter decidido não apoiar nenhum dos candidatos. Referiu que é a primeira vez que tal acontece, mas pediu clareza. “Eu estou aqui sem batota, dando a minha cara a dizer que apoio Maria de Belém, o que não aceito é que se decida uma coisa e se faça o contrário. Isso é uma falta de respeito pelo PS e por uma ex-presidente do Partido Socialista que é candidata à Presidência da República”, lamentou Alegre, considerando que “este é o tempo de chamar as coisas pelos seus nomes”.

Depois de elogiar o percurso da candidata que vai contar com o seu voto, Alegre voltou à carga e não poupou Sampaio da Nóvoa, que proclama um tempo novo. A esse propósito, esclareceu que foi o primeiro-ministro quem utilizou pela primeira vez essa expressão. “Fala-se agora de um tempo novo, o primeiro a usar essa expressão foi António Costa, ele usou-a em relação a uma situação concreta, o facto de termos um Governo do PS apoiado pelos partidos da esquerda. Isso foi uma viragem histórica, foi um muro que caiu, mas esse é um tempo novo referido a uma situação concreta, não uma linguagem de um tempo novo que não se sabe o que é, de um tempo novo messiânico, um bocado lunático”.

A candidata presidencial, que nas sondagens tem apenas uma diferença de cinco décimas em relação ao ex-reitor, não desperdiçou a oportunidade de o beliscar. “Vários candidatos prometem aquilo que sabem que não podem cumprir e agora já vêm dizer o seu programa é a Constituição, mas não foi por aí que começaram e em política também há direitos de autor”.

De manhã, Maria de Belém esteve na Marinha Grande, onde visitou uma fábrica, mas foi na Nazaré que ouviu ontem uma mulher madura dizer-lhe:” Precisamos de boas presidentes”. A candidata registou as palavras e seguiu em frente, tentando conquistar o voto de outras nazarenas com quem se cruzou ao longo da visita à feira semanal da Nazaré.

Surpreendida, uma outra mulher apontou para ela e atirou: “Eu conheço-a da televisão!” Do écran para a feira, a idosa confrontou-se com a candidata ao vivo e não escondeu a emoção, enquanto uma outra partilhava em voz alta ter recebido dois beijos da ex-ministra socialista. A ex-presidente do PS quis mostrar que não teme o contacto de rua, confessa que até gosta do contacto com as pessoas e que nunca sentiu nenhuma hostilidade.

Sugerir correcção
Comentar