Passos Coelho: “Não me incomoda nada a táctica eleitoral que o dr. Rebelo de Sousa escolha”

Passos Coelho assume o apoio do PSD a Marcelo Rebelo de Sousa enquanto candidato a Presidente da República. E admite participar na campanha.

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"Não me incomoda nada a táctica eleitoral que o Dr. Rebelo de Sousa escolha" Áurea Sampaio, São José Almeida, Ricardo Rezende, Sibila Lind

O que falhou nos contactos para promover uma alternativa à candidatura de Marcelo rebelo de Sousa?
Não houve contactos para promover candidaturas. Os partidos não devem promover candidaturas presidenciais e eu disse isso na minha moção de estratégia global. Os partidos devem apoiar ou recomendar o voto em pessoas que, de livre vontade, decidam candidatar-se a Presidente da República. Se um partido tem de convencer alguém à maneira do Partido Comunista ou de outros partidos, a cumprir um dever partidário para se candidatar, está a desrespeitar o órgão de soberania Presidência da República, que é uma instituição supra partidária e não está ao serviço das estratégias dos partidos. Portanto, eu não promovi, em tempo nenhum, qualquer contacto que visasse promover uma candidatura.

Mas Marcelo Rebelo de Sousa não é o seu candidato.
Pelo contrário, Marcelo Rebelo de Sousa será, por proposta minha, o candidato que o PSD espera ver como Presidente da República.

Mas foi um candidato que se impôs, porque na sua moção de estratégia havia uma parte que até o próprio entendeu lhe era dirigida, como sendo contra a sua candidatura.
É verdade que ficou a ideia que a moção de estratégia podia ser contra o dr. Rebelo de Sousa, porque o dr. Rebelo de Sousa achou que era.

E não era?
O que está na moção de estratégia vale por si e eu repito hoje, nos mesmos termos, e sem ser fastidioso. Nós olhamos para o mandato do dr. Cavaco Silva e vêmo-lo como exemplo do que deve ser um chefe de Estado. Alguém que está acima dos partidos, que não funciona como uma espécie de contrapoder aos governos e que tem uma colaboração impecável com eles, como alguém que não usa a Presidência da República como um repositório de todas as queixas e de todos os interesses corporativos e que, portanto, não funciona como um catavento das ideias mediáticas que são propaladas todas as semanas para a opinião pública; que tem uma noção clara do que é o interesse nacional e que tem uma visão estratégica do país, na sua inserção europeia, na sua inserção global e atlântica que está muito enraizada no nosso país e que tem produzido o maior consenso possível, até hoje pelo menos, nestes 40 anos de democracia. Julgo que o dr. Rebelo de Sousa é uma pessoa que, com um estilo muito diferente porque as pessoas não são confundíveis, é uma pessoa que nos dá uma perspectiva  de interpretar os poderes do Presidente da República - o suprapartidarismo, a cooperação com o Governo, o desejo de manter a estabilidade política do país - que vai ao encontro da visão que nós temos do que deve ser o Presidente.

Vai fazer campanha com Marcelo Rebelo de Sousa?
É natural que possa ter alguma contribuição, mas não será, como não é costume ser, uma contribuição decisiva. Se eu me envolvesse de forma muito intensa na campanha, isso contribuiria para dar um carácter partidário à campanha. E o objectivo não é fazer das eleições presidenciais uma espécie de complemento da luta partidária que teve lugar. São coisas diferentes. Portanto, não terei esse envolvimento e não creio que isso fosse desejável.

O discurso de sedução à esquerda por parte do Prof. Marcelo incomoda-o?
Não me incomoda nada o que possa ser o caminho, a táctica eleitoral que o dr. Rebelo de Sousa escolha. Para ser eleito Presidente da República o dr. Rebelo de Sousa precisa de mais votos dos que tem o PSD, porque só com os nossos votos não chega lá.

Na sua área política há quem veja o Prof. Marcelo como o maior aliado do dr. António Costa para o afastar da liderança do PSD…
Não tenho essa perspectiva.

 

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