Parlamento alemão aprova operação militar contra Estado Islâmico

Aviação alemã não vai participar directamente nos ataques mas efectuará missões de reconhecimento.

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Merkel e o vice-chanceler Sigmar Gabriel votam a favor da intervenção Tobias Schwarz/AFP

O Bundestag aprovou, sem surpresa, a participação da Alemanha nas operações militares contra o Estado Islâmico na Síria e no Iraque. Dos 598 deputados presentes, 445 votaram a favor do envio de seis aviões de reconhecimento e uma fragata para apoiar os ataques da coligação liderada pelos Estados Unidos.

Ao contrário de França e do Reino Unido, que quinta-feira começou a bombardear os jihadistas também na Síria (os dois países já o faziam no Iraque desde 2014), a Alemanha não vai participar directamente nos ataques, mas os seus Tornado ERC, equipados com câmaras de alta resolução, vão sobrevoar as áreas dominadas pelos radicais para identificar potenciais alvos. E a fragata alemã Sachsen integrará a esquadra do porta-aviões francês Charles de Gaulle, peça principal da operação francesa contra o Estado Islâmico.

Ao todo, vão ser mobilizados 1200 militares para aquela que será a maior intervenção militar no estrangeiro da Alemanha que, depois dos atentados de 13 de Novembro em Paris, tinha já aprovado o envio de 650 militares para o Mali, aliviando o esforço militar francês no país. Berlim aumentou também para 150 o número de militares colocados no Iraque para apoiar o treino de peshmergas, as forças do Curdistão que tem estado na primeira linha do combate contra os jihadistas no país.

A participação da Alemanha nas operações quebra com o distanciamento que o Governo de Angela Merkel tinha adoptado até agora em relação às intervenções militares protagonizadas por americanos e os seus parceiros europeus. Uma mudança para a qual foi decisivo o pedido de solidariedade do Presidente francês, François Hollande, após os ataques de Paris, reivindicados pelo Estado Islâmico, mas que a oposição de esquerda contesta.

“Estamos todos de acordo sobre a necessidade de combater o Estado Islâmico, mas os ataques aéreos não são uma estratégia”, acusou o deputado dos Verdes Anton Hofreiter, lamentando a posição dúbia dos europeus em relação à possibilidade de cooperação com o Exército na ofensiva contra os jihadistas num cenário de transição política no país. “Em três dias, não podemos decidir se a Alemanha deve ou não entrar de novo numa guerra. Não podemos decidir à velocidade dos Tornado”, criticou, por seu lado, Petra Sitte, representante do Die Linke.

O ministro da Justiça respondeu às críticas num artigo de opinião no jornal Tagesspiegel, em que afirma não ter dúvidas sobre a legitimidade da operação, que Berlim diz estar sancionada pela resolução aprovada na ONU após os atentados. “Temos de parar estes terroristas assassinos. Não vamos vencer apenas com meios militares, mas não podemos vencer sem eles”.

 

 

 

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