Jerónimo avisa Cavaco que indigitar Passos será uma "perda de tempo"

Comitiva do PCP foi recebida pelo Presidente da República e defendeu que há "uma maioria de deputados que constituem condição bastante para a formação de um Governo de iniciativa do PS".

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Daniel Rocha
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Curto e directo: o secretário-geral do PCP avisou esta quarta-feira o Presidente da República que indigitar Pedro Passos Coelho como primeiro-ministro “será uma manifesta perda de tempo”. Na audiência com Cavaco Silva, Jerónimo de Sousa defendeu também que existem condições para a constituição de um Governo PS - mas sobre a alegada "solução com suporte maioritário" no Parlamento de que António Costa falou na terça-feira o líder comunista nada explicou, à saída, aos jornalistas.

"Transmitimos ao Presidente da República que PSD e CDS não reúnem condições para que Pedro Passos Coelho possa ser indigitado como primeiro-ministro. E também afirmamos claramente ao Presidente da República que isso, a acontecer, será uma manifesta perda de tempo na medida em que PSD e CDS não têm condições, no plano de correlação de forças existentes na AR, de fazer passar o seu programa", contou o líder do PCP numa curta declaração aos jornalistas depois da audiência de pouco menos de meia hora com o Chefe de Estado.

“Do nosso ponto de vista há uma outra solução governativa que impeça o PSD e o CDS de formar Governo. Caso isso aconteça [a formação de um Executivo da coligação] e seja presente um programa do PSD/CDS apresentaremos uma moção de rejeição”, garantiu Jerónimo de Sousa, rodeado por Jorge Cordeiro, do Comité Central do PCP, e João Oliveira, líder da bancada parlamentar.

O líder comunista realçou que “há uma maioria de deputados que constituem condição bastante para a formação de um Governo de iniciativa do PS que permita a apresentação do programa, a sua entrada em funções e a adopção de uma política com uma solução duradoura, tanto mais duradoura conforme se defenderem os interesses nacionais e se corresponda aos anseios dos trabalhadores e do povo português”.

Verdes dizem que PS tem condições para uma "governação sustentável"
À saída da audiência de meia hora com o Presidente da República, os representantes dos Verdes deram os mesmos argumentos que o PCP sobre a "perda de tempo" de uma indigitação de Passos - que "iria arrastar os problemas do país e dos portugueses inutilmente" - e as condições do PS para formar Governo.

Manuela Cunha, da Comissão Executiva Nacional do PEV, considerou que o PS tem condições para aplicar políticas que "promovam uma governação sustentável". Escusando-se a entrar em pormenores sobre as conversações que ainda decorrem entre ecologistas e socialistas, a dirigente ecologista avisou, porém, que apesar do apoio a um Governo PS, o PEV não está disposto a passar um "cheque em branco" a um Orçamento do Estado (OE) socialista.

"É muito difícil responder [se aprovamos ou não um orçamento do PS] antes de termos o orçamento na mão. Não conhecemos o OE, não passamos cheques em branco, mas mostramos a nossa disponibilidade para viabilizar um Governo PS e somos responsáveis nessa matéria", vincou a dirigente ecologista.

"Os Verdes colocaram em cima da mesa um conjunto de propostas que queremos ver satisfeitas para melhorar o programa de Governo. Estamos disponíveis e à espera do eco do PS", contou Manuela Cunha, garantindo ser intenção do partido apoiar um orçamento "com toda a responsabilidade".

Fazendo jus à sua condição ecologista, a comitiva do PEV, que integrava, além de Manuela Cunha, a deputada Heloísa Apolónia e o dirigente Victor Cavaco, deslocou-se até ao Palácio de Belém no eléctrico nº 15.

Na terça-feira, António Costa, líder do PS, afirmou, à saída do encontro com o Presidente da República, que apresentou a Cavaco Silva uma "solução alternativa" de governo. Já a coordenadora do BE garantiu que "estão criadas as condições" para um governo liderado pelo PS, mas não revelou como. E Jerónimo de Sousa não se tem cansado de afirmar que o PS só não forma Governo se não quiser.

Carlos César, presidente do PS, e outros dirigentes socialistas, entrevistados por várias televisões na terça-feira à noite recusaram-se a revelar detalhes do acordo que está a ser negociado por PS, PCP e BE.

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