Os papéis de Hemingway deram (finalmente) uma exposição

Ernest Hemingway: Between Two Wars estará no Museu Morgan, em Nova Iorque, até 31 de Janeiro.

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O visto emitido pelo Departamento de Guerra norte-americano em 1944, quando o escritor trabalhava como correspondente THE ERNEST HEMINGWAY PHOTOGRAPH COLLECTION/JOHN F. KENNEDY PRESIDENTIAL LIBRARY AND MUSEUM
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Como escritor, nem sempre era seguro de si, ao contrário da imagem que dele temos como homem dado a aventuras infindáveis The Ernest Hemingway Photograph Collection. John F. Kennedy Presidential Library and Museum
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A exposição faz uma viagem cronológica por este arquivo pessoal, parando nos anos das duas guerras mundiais, nas tertúlias com os amigos, nas conturbadas relações que, por vezes, mantinha com editores e críticos literários Robert Capa. The Ernest Hemingway Photograph Collection. John F. Kennedy Presidential Library and Museum/ International Center of Photography/Magnum Photos

Ernest Hemingway: Between Two Wars, no Museu Morgan, em Nova Iorque, até 31 de Janeiro, reúne papéis que vão desde os tempos de liceu do escritor até à década de 1950, dedicando uma grande secção à temporada que passou em Paris, nos anos 20. Estes documentos mostram, segundo o New York Times, como no início Hemingway escrevia sobretudo a lápis, em blocos de notas baratos, ou no papel que tivesse à mão no momento em que sentia necessidade de apontar uma ideia, um detalhe. Mostram ainda que, como escritor, nem sempre era seguro de si, ao contrário da imagem que dele temos como homem dado a aventuras infindáveis – caça, pesca, mulheres –, protagonista de histórias rocambolescas que se contavam, e continuam a contar-se, sempre que algo que lhe pertenceu é leiloado ou um romance é reeditado.

Esta insegurança em relação à obra torna-se evidente quando o visitante de Ernest Hemingway: Between Two Wars tem à sua disposição provas de que o escritor chegou a considerar quatro títulos e 47 finais diferentes para O Adeus às Armas, que começou a escrever em 1918 mas só viria a publicar 11 anos mais tarde.

Foi o próprio Presidente Kennedy, um admirador confesso da obra e do homem, que, depois de o escritor se ter suicidado, em 1961, ajudou a viúva do escritor, Mary Welsh, a retirar de Cuba o seu espólio, lembra ainda o diário norte-americano. A exposição do Morgan, comissariada por Declan Kiely, director do departamento de manuscritos históricos e literários do museu, faz uma viagem cronológica por este arquivo pessoal (e pela vida que lhe deu origem), parando nos anos das duas guerras mundiais, nas tertúlias com os amigos, nas conturbadas relações que, por vezes, mantinha com editores e críticos literários.

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Hemingway escrevia sobretudo a lápis, em blocos de notas baratos, ou no papel que tivesse à mão no momento em que sentia necessidade de apontar uma ideia, um detalhe Robert Capa/ International Center of Photography/Magnum Photos
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Detalhe do passaporte de Hemingway, 1923 The Ernest Hemingway Photograph Collection. John F. Kennedy Presidential Library and Museum

Estão lá, por exemplo, cartas que trocou com outros autores célebres, como J.D. Salinger e F. Scott Fitzgerald, de quem era amigo e cujas sugestões recebia com atenção; manuscritos de romances e contos, rascunhos de mensagens que não chegaram a ser enviadas e até um visto com a data de 1944, quando Hemingway trabalhava como correspondente de guerra. Nas fotografias vemo-lo de muletas, fardado, depois de ter sido gravemente ferido, em Julho de 1918, quando conduzia uma ambulância da Cruz Vermelha italiana que transportava chocolates e cigarros para os soldados; e a bordo do seu iate, Pilar, em Cuba, ao lado de Carlos Gutiérrez, o homem que lhe serviria de modelo para o protagonista de O Velho e o Mar.

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