Portugal candidata-se a acolher um dos maiores eventos de tecnologia da Europa
Web Summit realiza-se anualmente em Dublin. No ano passado reuniu 22 mil participantes.
O anúncio foi feito pelo vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, que esteve nesta quinta-feira reunido em Lisboa com a empresa organizadora do evento. Desde 2010 que a Web Summit tem vindo a ser feita em Dublin. A edição deste ano, também na capital irlandesa, decorrerá em Novembro.
O secretário de Estado da Economia, Leonardo Mathias, que está a conduzir o processo de candidatura, disse ao PÚBLICO que espera uma resposta dos organizadores até ao final de Setembro. Os primeiros contactos com aconteceram em Março, quando estes “pediram informação a várias cidades”.
A avaliação das propostas é feita através de um leque de critérios que inclui o número de camas em hotéis para alojar os milhares de participantes durante os três dias do evento, os voos disponíveis, e ainda as “ligações das cidades a empresários, startups e empreendedores”, explicou o secretário de Estado.
Nos últimos anos, Lisboa, tal como outras cidades europeias, tem assistido a um crescimento do ecossistema para o empreendedorismo na área das tecnologias de informação, com o surgimento de incubadoras de empresas, programas de aceleração, conferências e o aparecimento de novos investidores.
A Web Summit é um peso-pesado no circuito mundial dos eventos de tecnologia. Entre os oradores já estiveram Elon Musk (o empresário americano co-fundador do PayPal e dos automóveis Tesla), Niklas Zennström (o sueco que co-fundou o Skype) e estrelas como Bono, o vocalista dos U2. Já este ano vão participar, entre vários outros, o presidente dos estúdios de animação Pixar, Ed Catmull, o director de tecnologia do Facebook, Mike Schroepfer, um dos fundadores do Instagram, Mike Kriege, e o criador do antivírus Kaspersky, Eugene Kaspersky.
Na conferência de 2014 participaram 22 mil pessoas. Para termo de comparação, em Junho, o sector hoteleiro na área metropolitana de Lisboa registou uma média de 37 mil dormidas diárias.
“É preciso criar em Portugal o ecossistema para que seja possível juntar tecnologia, empreendedorismo, ligação às universidades e às escolas, observou Leonardo Mathias. “Portugal tem muito a ganhar com a Web Summit, que daria a visibilidade para atrair empreendedores e investimento vindo de fora”.
Um dos pontos altos da Web Summit é o concurso de startups, em que estas se apresentam não apenas a um júri especializado, mas também a uma audiência com milhares de potenciais investidores e jornalistas internacionais.
No ano passado, a Codacy, uma empresa nascida em Lisboa mas registada no Reino Unido, foi a vencedora da competição na categoria “beta”, que distingue startups que já passaram a fase inicial e conseguiram algum investimento. A Codacy, que ganhou dez mil euros e uma viagem aos EUA para um encontro com executivos da Coca-Cola, desenvolve e comercializa um serviço para empresas que revê automaticamente código informático em busca de falhas.
É frequente startups portuguesas acabarem por se registar no Reino Unido, mesmo que as operações, sobretudo de desenvolvimento tecnológico, permaneçam em Portugal, onde os custos são mais baixos. A ida para o Reino Unido permite chegar mais facilmente aos investidores de risco daquele país, que preferem lidar com legislação que conhecem. “Prefiro que Portugal exporte bens e serviços, não pessoas”, afirmou a este propósito Leonardo Mathias. “Mas temos de acreditar nas leis da oferta e da procura”.