Exportações da Autoeuropa cresceram 12% no ano passado graças à China
Fábrica de Palmela produziu 11% dos carros enviados pela Volkswagen para o mercado chinês.
A Autoeuropa vendeu para o exterior 101 mil carros no ano passado (praticamente a totalidade da produção), o que corresponde a quase dois terços de toda a exportação automóvel portuguesa. As vendas para o mercado chinês (incluindo Hong Kong) subiram 62%, ficando ligeiramente acima das 24 mil unidades.
A China passou assim a ser o destino de praticamente um em cada quatro carros que saem dos portões da fábrica. Em 2013, representava uma fatia de 17%. Também para a restante economia portuguesa, a China ganhou importância em 2014: até Novembro, tinham sido exportados 757 milhões de euros em bens para aquele país, significativamente acima dos 604 milhões registados nos mesmos meses do ano anterior.
Nas geografias de exportação da Autoeuropa, a China ficou assim mais próxima da Alemanha, que continuou em 2014 a ser o grande comprador dos automóveis feitos em Palmela. Para este país seguiram perto de 30 mil carros. O Reino Unido é o terceiro país com mais peso (dez mil automóveis) e, no total, a União Europeia representou 64% das vendas. Por outro lado, os territórios para os quais as exportações da Autoeuropa baixaram eram pouco significativos nas contas da empresa. Foram, por exemplo, os casos da América, do Japão e de Espanha.
Nos últimos anos, o mercado chinês já vinha a ganhar importância para a Autoeuropa, que produz três modelos das marcas Volkswagen e um da Seat. No início do ano passado, a empresa anunciou a produção de uma nova versão do modelo Volskswagen Scirocco, adiantando então que o principal destino destes carros seria precisamente a China.
Para isso, a marca alemã tinha até criado uma cor especificamente para agradar aos consumidores chineses: um tom entre o dourado e o castanho, chamando-lhe pyramid gold. Foi também no ano passado que a empresa assinou com o Estado português um plano de investimento de 677 milhões de euros ao longo de cinco anos, que inclui cerca de 36 milhões de ajuda estatal. O objectivo é equipar a fábrica para produzir um novo modelo, que ainda não foi anunciado.
Ano recorde
As vendas da fábrica de Palmela estão em linha com o que foi o desempenho da Volskwagen na China, que teve em 2014 um ano recorde naquele país. As várias marcas cresceram 12%, para 3,68 milhões de unidades (o que inclui automóveis Volkswagen, Skoda, Audi e ainda os carros de luxo da Porsche, Bentley e Lamborghini, mas exclui a Seat). De todos estes, apenas 221 mil foram automóveis produzidos fora da China, o que significa que a Autoeuropa foi responsável por 11% de todos os carros que o grupo enviou para o mercado chinês.
O crescimento do grupo Volskwagen naquele território conseguiu ainda ficar acima da média do mercado automóvel no país. Em 2014, a evolução foi positiva, mas a um ritmo que mostra desaceleração, tanto em termos de produção, como de vendas.
Segundo a Associação Chinesa de Fabricantes Automóveis, as fábricas locais produziram 23,7 milhões de carros no ano passado. O valor é 7,3% superior ao de 2013, mas significa também um abrandamento de aproximadamente 8% no ritmo de crescimento. Por outro lado, foram vendidos 23,5 milhões de automóveis, uma subida anual de 6,9%, mas que se traduz também numa desaceleração de 7%. O impulso do sector veio sobretudo dos automóveis ligeiros de passageiros. Por comparação, na União Europeia, foram vendidos em 2014 cerca de 12,5 milhões de carros, naquele que foi o primeiro ano de crescimento desde 2007.
A explosão do mercado chinês aconteceu em meados da década passada, quando o país se tornou o segundo maior consumidor de automóveis, atrás apenas dos Estados Unidos da América. Algumas marcas, no entanto, já reconheceram publicamente que os anos de grande expansão estão para trás e que a China se começa a aproximar do comportamento de consumo dos mercados maduros. Em 2013, e pela primeira vez, a venda de carros usados tinha superado a de veículos novos.