Extrema-direita cresce e sociais-democratas regressam ao poder na Suécia

Numa votação dividida, os suecos viraram à esquerda, depois de oito anos de governo conservador. Mas sociais-democratas falharam maioria absoluta, o que antecipa negociações complicadas para a formação do Governo.

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O líder dos Sociais-Democratas, Stefan Loefven, terá tarefa complicada para formar um novo executivo AFP/JONATHAN NACKSTRAND

O actual primeiro-ministro conservador Fredrik Reinfeldt, que lidera uma aliança de quatro partidos (incluindo do centro e liberais), não conseguiu convencer os eleitores suecos a conceder-lhe um terceiro mandato consecutivo. Reinfeldt conseguiu encurtar significativamente o intervalo de 15 pontos que o separava dos sociais-democratas no início da campanha, e impedir uma maioria absoluta da oposição. Mas o esforço não foi suficiente para permanecer no poder: de acordo com as projecções, o seu bloco de centro-direita deveria alcançar 39,7% dos votos.

Os resultados antecipam complicadas negociações políticas para a formação do executivo e para a actividade legislativa.

Os maiores ganhos eleitorais foram obtidos pelos Democratas Suecos, o partido de extrema-direita que fez campanha contra a imigração e que segundo as sondagens deveria duplicar a sua última votação e ultrapassar os 10%. Mas os dois grandes blocos fizeram saber que não tencionavam incluir o partido nas negociações. Como comentava o professor da Universidade de Gotemburgo, Jonas Hinnfors, à agência Bloomberg, o impacto da extrema-direita no parlamento é uma incógnita. “Será seguramente uma situação complicada, uma vez que nenhum outro partido quer ser associado aos Democratas Suecos”.

A viabilização do governo de centro-esquerda deverá, assim, ser garantida pela Iniciativa Feminista, que nas suas primeiras eleições conseguiu 4,4% dos votos, quatro décimas acima do patamar necessário para entrar no parlamento. O partido garantiu apoio parlamentar aos sociais-democratas dirigidos pelo antigo soldador e sindicalista Stefan Loefven, que prometeu reverter um terço dos cortes fiscais do anterior executivo, no valor de 130 mil milhões de coroas suecas (cerca de 14 mil milhões de euros), e, ao mesmo tempo, subir a tributação dos restaurantes, bancos e das grandes fortunas.

“Com o desemprego a subir, os resultados escolares a deteriorar-se e um sistema social cheio de brechas, chegou a hora de uma mudança na política sueca”, declarou Loefven, que durante a campanha prometeu aplicar o dinheiro na educação e na saúde, criar empregos no sector público e melhorar o sistema de subsídios por desemprego ou doença.

A viragem à esquerda da Suécia poderá ter implicações no equilíbrio de forças da União Europeia, com a Alemanha e o Reino Unido a perderem um aliado da sua estratégia de austeridade e prudência fiscal.

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